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ExportaSC começa a colher seus frutos

Veículo: Valor

Seção: Economia

O dia 29 de agosto foi uma data marcante para uma empresa familiar de Iporã do Oeste (SC), município de 8,8 mil habitantes que fica próximo à fronteira argentina. Pela primeira vez em 14 anos de existência, a Casa da Cuca fez uma exportação ­ três paletes com biscoitos de polvilho e de amendoim para a Flórida, nos Estados Unidos. Este é um dos 50 empreendimentos de pequeno e médio porte que buscam oportunidades no mercado externo com suporte do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae/SC). Há iniciativas semelhantes nas áreas industrial e tecnológica, apoiadas por associações empresariais ou conduzidas de forma independente.

Santa Catarina tem tradição exportadora e participação ativa das PMEs em sua economia. Internacionalizar­se, porém, não é para todos, pois exige esforço continuado e o domínio de conhecimentos específicos. Uma estratégia consistente demanda quatro a cinco anos de trabalho e não deve ser centrada no fator cambial, avalia o coordenador do projeto ExportaSC, do Sebrae/SC, Douglas Luis Tres. "Preparamos a pequena empresa para que crie um modelo de negócios competitivo em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil", afirma Luis Tres. Lançado em agosto de 2014, o ExportaSC recebeu 550 inscrições e selecionou 50 candidatas dos setores de alimentos e bebidas, tecnologia da informação, moda e metalmecânica. Os critérios seletivos incluíram capacidade de investimento, experiência, escalabilidade e o uso de matérias­primas sem restrição nos EUA.

Ao longo de 2015, os empreendedores frequentaram seminários e definiram seus planos. Este ano, começaram a executá­los. Os que tiverem fôlego para resistir continuarão a ser apoiados em 2017. Por meio de uma consultoria contratada, os participantes ganharam acesso a um armazém e um escritório compartilhados em Pompano Beach, a 60 km de Miami, onde podem depositar produtos e atender clientes. Também compartilham assessoria contábil, jurídica, logística e de recursos humanos. A Flórida é considerada um importante "hub" para negócios globais por suas políticas de incentivo à atração de empresas. "Abri uma padaria em 2002 com minha esposa e meu sogro, que é padeiro há mais de 50 anos", recorda o sócio da Casa da Cuca, Gilberto Schneider, técnico em produção de laticínios com formação na Suíça.

Desapontado com a prática da adição de produtos químicos e conservantes pelas empresas brasileiras, ele decidiu fabricar alimentos saudáveis, distribuindo­os com um furgão nos municípios vizinhos. Hoje a empresa tem quatro caminhões, 35 funcionários e faturamento mensal de R$ 500 mil. A Casa da Cuca fez diversas adequações para entrar no mercado americano, cujas normas regulatórias para a venda de alimentos são rígidas. Uma das demandas dos americanos foi uma auditoria realizada por certificadora internacional. A empresa também investiu em um novo design da marca e em uma embalagem lacrada para conservar o produto por 180 dias. Sua meta é exportar um contêiner de biscoitos por mês até dezembro e aumentar o faturamento em 20% no próximo ano.

A América Latina tem sido um destino importante para indústrias têxteis catarinenses que exportam de forma independente. É o caso da Fakini, de Pomerode, especializada em moda infanto­juvenil. Fundada em 1994, ela chegou a exportar 70% da produção entre 1998 e 2000, época de câmbio favorável. Quando o dólar caiu, a empresa migrou para o mercado interno para sobreviver. Desde 2010, tem retomado com cautela o caminho já percorrido. "Colocamos produtos com marca própria no Paraguai, Chile, Bolívia, Uruguai e Costa Rica", conta o proprietário Francis Fachini. As exportações hoje representam 1% do faturamento e a meta é chegar a 5% em médio prazo.

A Têxtil Farbe, com fábrica na cidade de em Indaial, fornece malhas e tecidos para o mercado de moda da Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Equador e Venezuela. "Nossas exportações respondem por 8% do faturamento e queremos chegar a 20% em cinco anos, expandindo as vendas para América Central e Estados Unidos", diz o diretor Paulo Cardim. Com 450 empregados, a empresa tem vagas abertas na área produtiva. Fundada em 2015 em Blumenau, a Ecotag fabrica lacres de autenticidade para roupas, utilizando um processo 100% robotizado. Seu maior mercado no exterior é o Peru, principal produtor mundial do algodão pima, de alta qualidade. "Enxergamos um grande potencial de crescimento na Argentina e na Colômbia", diz o diretor Júnior Souza. A empresa produz 3 milhões de itens ao mês e pretende dobrar a produção até o fim do ano com a aquisição de novas máquinas.



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