Notícias

Corte de vagas e procura maior puxam desemprego

Veículo: Valor Econômico

A continuidade do ciclo de corte de postos de trabalho e o aumento da procura por vagas manteve o desemprego em alta no mês passado. Entre o trimestre até junho e aquele encerrado em julho, a taxa passou de 11,3% para 11,5%, conforme a média da projeção de 21 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data. No mesmo período do ano passado, o indicador chegou a 8,6% da força de trabalho.

As estimativas para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variam entre 11,4% e 11,7%.

A expectativa de que o volume de postos de trabalho recue pela 11 vez consecutiva, para o economista-chefe da Parallaxis, Rafael Leão, é reforçada pelo saldo negativo de 94,7 mil vagas com carteira registrado em julho pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e divulgado na última quinta-feira.

O resultado representa uma desaceleração expressiva na comparação com o mesmo período de 2015, perda 157,9 mil vagas, mas é ainda superior ao dado de junho, negativo em 91,6 mil. “A gente ainda vai ver uma deterioração dos serviços”, ele acrescenta, referindose ao setor que mais tempo demorou para sentir os efeitos negativos da recessão e que agora amarga desaceleração mais expressiva.

Sua estimativa de desemprego de 11,5% para o trimestre móvel de maio a julho é semelhante à da Tendências Consultoria, que calcula ainda recuo de 1,6% da ocupação em relação ao mesmo intervalo do ano passado e um avanço de 1,7% da força de traba- lho, na mesma comparação. Caso a projeção se concretize, em termos dessazonalizados, o indicador do IBGE passaria de 11,1% no trimestre até junho para 11,4%.

A retração prevista para a população ocupada é idêntica à apurada no trimestre até junho e uma das maiores da série, que começa em 2012. A combinação de corte no emprego e de intensificação da procura por novas vagas gerou mais de três milhões de novos desempregados no país entre junho do ano passado e o mesmo período deste ano, elevando o total a 11,5 milhões.

A economista do Bradesco Ariana Stephanie Zerbinatti lembra que o ritmo de deterioração do mercado de trabalho vem perdendo fôlego, tanto nos saldos negativos do Caged quanto na taxa de desemprego captada pela Pnad Contínua. Essa desaceleração estimulou, inclusive, uma revisão do cenário da Parallaxis, diz Leão, que reduziu a projeção para a taxa média de 2016 de 12%, no início do ano, para 11%.

Se a perda de vagas vem arrefecendo, os salários devem seguir perdendo fôlego, ressalta Zerbinatti. “Isso, por sua vez, deverá impactar negativamente o consumo das famílias até o final deste ano, embora corrobore para a desinflação em curso dos preços de serviços”, ela avalia no último relatório de conjuntura da instituição.

No trimestre encerrado em junho, o rendimento médio nominal total cresceu 4,8% sobre o mesmo período de 2015, a menor variação desde agosto de 2014 e distante dos 6,4% apurados nos três meses até maio. “A média móvel dos últimos três meses aponta para alta de 5,6%, bastante inferior ao ganho de 8,5% registrado em junho do ano passado e de 7,7% em janeiro”, acrescenta.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar