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Mercado de ações tende a seguir em alta após conclusão do impeachment

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

A conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff deve ser positivo para o mercado de ações. A expectativa de analistas é que o Ibovespa pode até passar por um movimento de realização de lucros no curto prazo, mas a trajetória para a bolsa ainda é de alta. A continuidade e consistência deste movimento, porém, vai depender da capacidade do presidente interino, Michel Temer, de concluir as reformas estruturais. 

Para o gestor de fundos para a América Latina da BlackRock, Will Landers, o Ibovespa pode se aproximar dos 70 mil pontos após a consolidação do impeachment. Ele avalia que o nível de 60 mil pontos será um primeiro estágio e que os ganhos vão depender da execução de reformas necessárias para o país. "É difícil falar em níveis, mas vejo vários setores com potencial de uma reprecificação de 15% a 20% no Ibovespa em moeda local ainda", afirmou. 

Landers avalia que a entrada de recursos estrangeiros para o mercado de ações após a conclusão do impeachment deverá ocorrer de maneira gradual. "O fluxo, que foi negativo nos últimos seis anos, começou a ficar um pouco positivo", diz. Mas os preços das commodities, que também definem os investimentos em países emergentes, estão menores. Outro fator que poderia atrapalhar a recuperação do Ibovespa é um aumento de juros nos Estados Unidos. 

Mas, apesar da expectativa positiva, os investidores podem vender ações para realizar parte da alta de 33,14% do Ibovespa neste ano. "Se ocorrer, será um movimento de curtíssimo prazo. Ninguém do mercado financeiro considera a volta da presidente afastada Dilma Rousseff ao cargo", diz Adeodato Volpi Neto, da Eleven Research. 

O estrategista­chefe de ações da América Latina do J.P. Morgan, Pedro Martins Júnior, acredita que o Ibovespa pode alcançar os 63 mil pontos até o final do ano. Entretanto, ele considera que não é correto associar a aprovação do impeachment ao aumento do fluxo de recursos estrangeiros. "Mas, sem dúvida, a tese de investimento para bolsa torna­se mais simples", diz. Ele destaca os fatores positivos que podem atrair capital para o mercado de ações. O primeiro é o menor risco político e possível avanço em medidas que melhoram o equilíbrio fiscal. Depois, há a queda da taxa de juros, implicando em menor custo e oportunidade para investimentos em ativos reais. Também há a recuperação da economia, possibilitando crescimento de lucros das empresas. 

Com o fim da interinidade do governo Temer, os investidores devem ficar mais exigentes em relação à aprovação de reformas estruturais. Para Landers, o déficit do país é "gigantesco" e o novo governo precisará ser "duro". Entre as primeiras medidas que precisam ser tomadas, ele cita a contenção de gastos e reforma da Previdência. Já para Volpi Neto, os investidores precisam ser pacientes. "A economia não vai acelerar sem a aprovação das medidas fiscais, mas é ingênuo imaginar que a questão fiscal se resolverá rapidamente", afirma. 

Para Martins Júnior, o governo Temer deve criar condições para a queda das taxas de juros. "Além disso, a melhora na questão fiscal deveria ser preferencialmente tratada através de controle de gastos", avalia. Para este fim, ele espera ainda neste ano a aprovação da PEC dos gastos e a apresentação de uma proposta para a aprovação de uma reforma previdenciária. 

"Também é importante criar condições para que o setor privado volte a vislumbrar taxas de retorno atrativas para investimentos", diz. O ajuste fiscal do governo transfere, de certa forma, uma maior necessidade de investimento ao setor privado ­ os programas de concessões e desinvestimentos do governo podem funcionar como catalisadores para este processo. 



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