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Economia deve ganhar, mas no médio prazo

Veículo: Valor

Seção: Economia

As atuais condições econômicas estão ofuscando os potenciais ganhos do processo de paz, que dura quatro anos, para a economia da Colômbia. Analistas, além disso, se dividem entre os que acreditam em uma forte alta nos dos investimentos no país, com melhora na infraestrutura e em determinados setores, e os que creem que o maior legado do acordo entre Bogotá e a guerrilha, anunciado ontem, será meramente social. 

O país, que tem entre seus principais produtos de exportação o petróleo, o carvão, o café e o níquel, sofre com a queda internacional dos preços das matérias­primas, fenômeno que levou a uma brusca desaceleração da economia, com alta do déficit fiscal e da inflação, que chega a 8% ­ acima da meta do governo de 2% a 4%. "O ciclo de redução da renda nacional por conta da queda dos preços das mercadorias primárias mascara, os eventuais ganhos que já possam ter surgido com o otimismo acerca do processo de paz", diz o economista César Ferrari, professor da Pontifícia Universidade Javeriana, em Bogotá. "Mas, sem dúvida, os benefícios de um acordo são maiores do que os custos da guerra."

O Produto Interno Bruto (PIB), que chegou a crescer 6,6% em 2011, 4% em 2012 e 4,9% em 2013 vem desacelerando desde 2014, quando subiu 4,4%. No ano passado, aumentou 3,1% e neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), deve subir 2,5%. Para Ferrari, a agricultura tende a ser um dos setores mais beneficiados com o fim da guerrilha, concentrada sobretudo nas áreas rurais e da selva.

Espera­se uma alta nos investimentos nesse setor e, também, na indústria. O país deve ter ganhos, além disso, em infraestrutura, frequentemente danificada por ataques de guerrilheiros contra oleodutos e torres de transmissão de energia. "O gasto militar também deve cair", lembra Ferrari. Já o economista Roberto Steiner, ex­diretor do Banco Central da Colômbia, está entre os que se dizem "céticos" quanto aos ganhos econômicos do fim da guerrilha.

"Se há algo promissor, não está ali na esquina. Os ganhos na economia serão de médio a longo prazo", diz. "O maior benefício será a justiça para as pessoas que vivem no campo e sofrem com a violência." No campo econômico, diz ele, mais determinante será a aplicação de uma esperada reforma tributária para reduzir o déficit fiscal. "O processo de paz não pode levar as pessoas a acharem que isso [reforma] não tem importância."



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