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Com fluxo negativo, dólar não sustenta queda

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

Um movimento mais expressivo de saída de recursos no mercado à vista levou o dólar a zerar a queda frente ao real ontem. Durante as operações pela manhã, o dólar foi negociado em baixa, chegando a ser cotado na mínima a R$ 3,1576, queda de 0,86%. A taxa do contrato futuro de maior liquidez seguiu em baixa, e o cupom cambial (taxa de juros em dólar) de prazo mais curto subiu, endossando a percepção de operadores de fluxo negativo. 

No fechamento, o dólar comercial teve alta de 0,07%, a R$ 3,1872. Essa foi a terceira valorização consecutiva, período em que a moeda somou um ganho de 1,78%. Dessa forma, o real mais uma vez descolou de seus pares, em um dia de fortalecimento de moedas emergentes no mundo. O peso mexicano subia 1,2% no fim da tarde, enquanto o rand sulafricano se valorizava 1,6%. 

No ano, o dólar ainda cai 19,44%, sendo 1,72% apenas em agosto. Boa parte dessas quedas está ancorada na expectativa de ingressos ao país, caso se confirmem o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e o avanço do ajuste fiscal. No entanto, o fluxo cambial contratado segue negativo, o que demonstra que investidores ainda mantêm ceticismo, evitando trazer recursos agora. No mercado de juros, as taxas cederam, ainda enquanto o dólar recuava. Mas declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também alimentaram algum viés de baixa nos DIs. 

Em conversa com representantes do mercado financeiro em evento da XP Investimentos, Meirelles tentou diminuir o grau de ansiedade ao afirmar que o processo para aprovar as medidas será difícil, mas que é preciso enfrentá­ lo, de acordo com relatos. Na saída da reunião, o ministro repetiu que há indicações de que haverá crescimento econômico e, consequentemente, da arrecadação em 2017. Com isso, tudo indica que não será necessário elevar tributos. "Mas se for, vamos aumentar impostos", disse. O mercado tem ampliado nas últimas semanas o debate sobre o espaço que o BC tem para cortar a taxa Selic, diante das dúvidas sobre a política fiscal e a resistência da inflação corrente e das expectativas. O dólar mais fraco ajuda, mas o mercado tem mostrado ceticismo sobre inflação na meta em 2017. 

Em um sinal disso, a pesquisa Focus do BC mostrou interrupção da queda das expectativas de inflação vista nas últimas semanas. Mas o Top 5, grupo que mais acerta as estimativas, não só parou de reduzir a inflação estimada como elevou a taxa de 4,97% para 5,25% em 2017. Os preços de mercado também indicam um maior conservadorismo do mercado. Cálculos da Renascença mostram que a inflação implícita em títulos públicos negociados no mercado secundário está perto de 5,7% ao ano até 2023, contra 5,59% na semana passada. 



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