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Alta da energia em setembro pode acionar volta de bandeira amarela

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

A expectativa de recuperação da demanda por energia e as chuvas abaixo da média nos últimos meses devem provocar uma forte alta dos preços de energia a partir de setembro, podendo trazer de volta a bandeira tarifária amarela, com cobrança adicional de R$ 1,50 para cada 100 kilowatt­hora (KWh) consumidos. O Valor apurou que a possibilidade de disparada dos preços e eventual acionamento da bandeira amarela no próximo mês já é contemplada no Ministério de Minas e Energia (MME). 

Na semana passada, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou em 3,2% a previsão de carga de energia (consumo mais perdas) em 2016, de 64.573 megawatts (MW) médios para 66.645 MW médios. O ajuste fez parte da segunda revisão quadrimestral do Planejamento Anual da Operação Energética (PEN) de 2016 a 2020, feita em conjunto pelo órgão com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A revisão era prevista para setembro, mas foi antecipada pelas instituições. Segundo Renato Mendes, consultor sênior da Thymos Energia, a adoção ou não da bandeira amarela em setembro vai depender do desempenho das chuvas e dos níveis dos reservatórios. Se a situação continuar como hoje, o preço da liquidação das diferenças (PLD, preço do mercado de curto prazo de energia) pode chegar a um valor entre R$ 200 por megawatt­hora (MWh) a R$ 230/MWh.

A bandeira amarela é acionada quando o custo da termelétrica mais cara despachada é superior a R$ 211/MWh. Isso significa que, se o custo da energia no sistema (base do PLD) ficar acima desse patamar, a cobrança adicional será disparada. Atualmente, esse preço está próximo de R$ 100/MWh e o preço de energia no mercado de curto prazo está em R$ 117,44/MWh em todo o país. As previsões dos agentes do setor ­ e também do governo ­ indicam que o preço da energia pode dobrar no início do próximo mês, ficando bem próximas de disparar a cobrança adicional. 

Além da previsão de maior consumo, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste e do Norte continuam muito baixos, em 22,12% e 52,28%, respectivamente. As estimativas do ONS para as vazões em agosto indicam 72% da média histórica, ajudando a reduzir os reservatórios. A cautela em relação ao Nordeste também marcou a última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A expectativa do ONS, apresentada no encontro, aponta que a hidrelétrica de Sobradinho (BA), da Chesf, pode chegar ao fim de novembro com apenas 2% da capacidade de armazenamento. 

A alta dos preços não é um consenso no mercado. Segundo Alan Zelazo, sócio da Focus Energia, os preços de energia devem chegar a R$ 210/MWh em setembro, ainda abaixo do limite para a disparada da cobrança adicional. Ele não descarta a possibilidade do retorno da bandeira, dependendo da hidrologia ao longo do mês. Para o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, os preços não devem chegar a disparar a bandeira. "Nossa avaliação é que o PLD vai aumentar em relação ao patamar atual, porém não acreditamos que vai atingir o patamar de acionamento das térmicas mais caras", disse ele



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