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Projeções são dispersas, mas maioria dos analistas vê recuo do varejo em junho

Veículo: Valor

Seção: Economia

As vendas em volume do varejo restrito, que exclui os ramos de veículos e de material de construção, devem ter recuado 0,2% em junho sobre maio, já feito o ajuste sazonal, de acordo com a média das estimativas colhidas pelo Valor Data com 24 consultorias e instituições financeiras. Se a análise estiver correta, a atividade do comércio deve mostrar mais um trimestre de queda.

Em maio, o indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) surpreendeu negativamente e recuou 1%. Em junho do ano passado, a queda foi de 0,6%, na mesma comparação. Refletindo os meses de volatilidade pelos quais a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) tem passado, as projeções para os números que serão divulgados hoje variam de alta de 0,8% até uma contração de 0,9%. Entre as expectativas, seis são positivas e duas preveem estabilidade. No varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a dispersão se repete. Graças em parte ao aumento registrado nas vendas de veículos em junho, a média de 16 estimativas para o período foi positiva em 0,1%.

O resultado de junho ainda é bastante influenciado pelo ciclo de contração da renda real das famílias e da dificuldade de acesso dos consumidores ao crédito, avalia o economista Marco Caruso, do banco Pine. "O cenário estrutural ainda é bastante desafiador", ressalta o economista. Se confirmada sua projeção, o varejo terá encolhido 0,8% no segundo trimestre, após recuar 3,1% no primeiro, sempre no confronto com o período imediatamente anterior, na série que exclui as influências sazonais. Ao contrário da indústria, cuja produção cresce, na comparação mensal, há quatro meses consecutivos, o varejo se comporta de forma mais errática ­ alternando resultados negativos e positivos nos primeiros cinco meses deste ano ­, sinalizando que seu nível de acomodação estaria mais adiante.

Assim, a inflexão dos indicadores de confiança, completa Caruso, ainda levará tempo até se manifestar de forma positiva nos dados de atividade do setor. "Os índices de confiança vêm melhorando desde abril, mas o efeito sobre a atividade é defasado", concorda Julia Araújo, economista do banco Fator, que estima contração de 0,5% para o varejo restrito em junho. O resultado, ela explica, é reflexo da base de comparação fraca de maio e dos desempenhos menos negativos de indicadores antecedentes como as vendas de supermercados e a expedição de papelão ondulado.

No ampliado, a recuperação do indicador de emplacamentos da Fenabrave em junho, para a economista, não teria sido suficiente para evitar uma retração do indicador, que ela calcula em 0,6%. As projeções, contudo, estão bastante divididas ­ 7 entre 16 projetam alta no ampliado. Para ambos os economistas, o consumo das famílias seguirá, pelo menos até o fim deste ano, dando contribuições negativas ao Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa do Pine para o dado do segundo trimestre, atualmente uma queda de 0,8% sobre os primeiros três meses do ano, só seria menos negativa, afirma Caruso, se houvesse uma ajuda maior da indústria.



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