Notícias

Poupança perde R$ 43,7 bi e tem saída recorde de recursos até julho

Veículo: G1 

Seção: Economia 

Somente no mês passado, retirada de recursos somou R$ 1,11 bilhão. Movimento é provocado por crise econômica e baixa rentabilidade.

As retiradas de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 43,72 bilhões nos sete primeiros meses deste ano, informou o Banco Central nesta quinta-feira (4). Foi a maior evasão de recursos para este período desde o início da série histórica, em 1995, ou seja, em 22 anos.

A saída de recursos da mais tradicional modalidade de investimentos do país acontece em meio à recessão, ao aumento do desemprego e da inadimplência. Outro fator que tem influenciado esse movimento é a baixa rentabilidade da poupança frente a outras opções de investimentos.

Em todo ano passado, R$ 53,36 bilhões deixaram a poupança. Foi a primeira vez em dez anos que mais recursos saíram que entraram da caderneta. Também foi também a maior fuga de valores desde o início da série histórica do BC para um ano fechado.

Resultado de julho e saldo
Somente em julho deste ano, a saída de recursos da poupança somou R$ 1,11 bilhão, valor menor que o registrado no mesmo mês do ano passado, quando as retiradas ficaram em R$ 2,45 bilhões.

Com a perda de recursos nos sete primeiros meses deste ano, o volume total aplicado, ou seja, o estoque da caderneta, recuou. No fim do ano passado, era de R$ 656 bilhões e, ao final de julho de 2016, estava em R$ 641 bilhões.

Baixo rendimento
Além das dificuldades na economia, outro fator que tem influenciado esse movimento é a baixa rentabilidade da poupança frente a outros investimentos. Enquanto o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic (a taxa básica de juros determinada pelo Banco Central), o das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, fica limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), como a Selic está em 14,25% ao ano (o maior nível em dez anos), as aplicações em renda fixa, como fundos de investimento, ganham mais atratividade porque o rendimento fica acima da poupança na maioria das situações. A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano.

No ano passado, a rentabilidade da poupança foi de 8,15% e perdeu para a inflação, que alcançou 10,67%. Descontada a inflação, portanto, quem manteve recursos na poupança ao longo de 2015 viu a caderneta perder 2,28% do poder aquisitivo, de acordo com a consultoria Economatica. É o pior resultado desde 2002.

Poupança pode ser boa opção?
Apesar do baixo rendimento, especialistas avaliam que a caderneta de poupança ainda pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos. Por exemplo: para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências.

A vantagem da poupança em relação a outros investimentos é que não incide Imposto de Renda sobre a aplicação.

Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do IR e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.

Menos recursos para casa própria
O menor interesse na poupança também afeta os financiamentos imobiliários, uma vez que a modalidade é fonte de recursos para a casa própria. Pelas regras, os bancos precisam destinar parte dos saldos da poupança (SBPE) para o crédito imobiliário.

Em março deste ano, a Caixa Econômica Federal informou que aumentou os juros para financiar a casa própria com recursos da poupança. Foi a primeira vez no ano que a Caixa subiu os juros para crédito imobiliário. O aumento, informou o banco, foi "decorrente de alinhamento ao atual cenário econômico".

Segundo números da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o volume de crédito para a construção e aquisição de imóveis, com recursos da poupança, caiu 49,5% no primeiro semestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado – de R$ 44,8 bilhões para R$ 22,6 bilhões.

 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar