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Varejo fecha 167 mil lojas em 18 meses, indica CNC

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

O varejo assistiu ao fechamento líquido de 166,9 mil lojas de janeiro de 2015 até junho deste ano. "A queda é entre 17% e 18% do total de lojas que têm vínculo empregatício", disse o economista­sênior da instituição, Fabio Bentes, explicando que o universo de lojas acompanhado é em torno de 700 mil. A informação foi divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) em Brasília. Segundo Bentes, só no primeiro semestre deste ano foram fechadas 67,9 mil lojas, enquanto em todo o ano passado o número que a CNC acaba de revisar aponta que houve fechamento de 99 mil lojas. 

Os dados refletem a situação de grave crise que o varejo tem vivenciado desde 2015, pela combinação de alta da inflação e disparada do desemprego, além da contração de crédito, o que corroeu a capacidade de consumo das famílias. A CNC, contudo, considera que o "fundo do poço" já pode ter sido atingido, dado que as expectativas para os próximos meses, tanto de empresários como de consumidores, estão melhores, a despeito de os indicadores de situação atual ainda estarem bastante negativos. A entidade projeta queda de 10,6% nas vendas do varejo ampliado neste ano e queda de 3,1% do PIB. Apesar da percepção de que o fundo do poço pode ter sido alcançado, Bentes avalia que não é possível prever quando uma reação mais firme do varejo ocorrerá, pois depende principalmente da melhora do mercado de trabalho, que deve ser o último a reagir. "Ainda não vemos tendência clara de recuperação do comércio", disse Bentes. 

O chefe da divisão econômica da CNC e ex­diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, avalia que há uma melhora nos índices de confiança, percepção de risco­país, valorização do câmbio e alta de preços de ativos que indicam um cenário de recuperação "cíclica do país". Ele considera que a aprovação da PEC dos gastos ajuda na melhora da percepção do país, mas sozinha não garante uma inflexão da trajetória fiscal, que depende de reformas como a da Previdência. "A tendência é de forte crescimento dos gastos públicos, puxada por despesas obrigatórias", explicou o economista. Segundo ele, sem reformas, o cenário para o resultado primário é de lenta melhora e, com isso, o nível de endividamento da economia brasileira caminharia para 90% do PIB. Para ele, mais grave que o nível em si é a rápida trajetória de deterioração da dívida que precisa ser contida para evitar uma piora da situação da economia brasileira no futuro.

O economista pondera que, como o BC tem "vociferado" que só deve reduzir juros após algum sinal fiscal mais concreto, a tendência é que, após uma eventual confirmação do impeachment, o dólar se valorize fortemente, o que é preocupante para as contas externas, que têm ajudado o país a ter uma queda menor do crescimento econômico. Nessa situação, ele considera que o BC vai encontrar o espaço para reduzir a Selic, para conter o processo de alta do real. Mesmo assim, Freitas avalia que o consumidor deve voltar às compras apenas quando o emprego começar a se recuperar, o que pode demorar um pouco mais. Carlos Thadeu explica que a política fiscal expansionista no curto prazo de certa forma ajuda o consumo e varejo. E que a perspectiva de austeridade no prazo mais longo, sinalizada pelo envio da PEC, favorece a melhora nos índices de confiança da economia brasileira. Mas considera que a alta das commodities também influencia nessa melhora de percepção, assim como a perspectiva de queda da inflação. 



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