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Para analistas, atividade industrial cresceu em junho

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

Influenciada principalmente pela forte alta na produção de veículos, a atividade industrial deixou a estabilidade observada em maio e voltou a crescer em junho, avaliam economistas. Caso as expectativas de expansão acima de 1% no mês sejam confirmadas, a indústria vai interromper uma sequência de oito retrações trimestrais consecutivas, retornando ao terreno positivo no período de abril a junho. Segundo a projeção média de 23 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a produção industrial avançou 1,4% de maio para junho, feitos os ajustes sazonais. As estimativas para a Pesquisa Industrial Mensal ­ Produção Física (PIM­PF), a ser divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão de alta de 0,5% até 3,1%. O desempenho favorável, relacionado à taxa de câmbio mais competitiva e à redução de estoques em alguns setores, tende a continuar nos próximos meses, ainda que em ritmo mais moderado. 

Grande parte dos indicadores antecedentes que antecipam a variação da indústria teve comportamento positivo em junho observa Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores. Em seus cálculos, a produção industrial subiu 1,3% em relação a maio, resultado que, em sua avaliação, indica que o pior momento para o setor ficou para trás, mas sem indícios de recuperação mais consistente. "A tendência é de melhora gradual até o fim do ano", disse. O destaque de alta na passagem mensal veio da produção de veículos. Considerando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, a expansão dessazonalizada entre maio e junho foi de 8,8%, calcula Nishida, com base em dados divulgados pela Anfavea, a entidade que reúne as montadoras). Para o economista, a indústria automobilística tem mostrado resultados melhores devido à diminuição de estoques, em linha com a maior contribuição do setor externo. A demanda doméstica por veículos no entanto, segue fraca. 

"Inventários em queda no setor industrial e aumentos na confiança sugerem recuperação da produção industrial daqui para frente", a equipe econômica do Itaú Unibanco em relatório. Para o banco, a produção registrou alta de 0,7% no último mês. Outros índices que apontam aumento de 1,3% na produção industrial em junho, acrescenta Natalia Cotarelli, economista do banco ABC Brasil, são a expedição de papelão ondulado e o fluxo pedagiado de veículos pesados, que cresceram 2% ante maio. Natalia ainda cita a confiança do empresário industrial, que segue em ascensão. Na medição da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 4,2 pontos no mês, para 83,4 pontos, maior patamar desde fevereiro de 2015. 

"A indústria entrou em crise antes dos outros setores e este deve ser o primeiro sinal de recuperação", afirma a economista, ponderando que a trajetória de retomada no segundo semestre será modesta e está sujeita a quedas em alguns meses. O movimento de reação não atinge todos os ramos de atividade, comenta Natalia, e nem é robusto, uma vez que o consumo das famílias continua em queda. Os bens intermediários, que representam mais da metade da produção nacional, dependem mais da demanda interna e, por isso, vão demorar mais a reagir, diz. Nishida, da LCA, destaca que, se a sua expectativa para o dado de junho se concretizar, a produção terá crescido 1,1% na passagem do primeiro para o segundo trimestre, depois de ter recuado 2,2% nos três primeiros meses do ano. Desde o segundo trimestre de 2014 o setor vem em retração nessa comparação, observa. "É uma alta considerável, mas temos que levar em conta que foram muitos trimestres de queda. A base de comparação é fraca", diz o economista. 

No cenário da consultoria, a indústria deve encerrar 2016 com queda de 6,3% sobre 2015, mesmo com a recente melhora da produção, devido à herança estatística negativa deixada pelo ano anterior, estimada em ­6,7% pela LCA. Considerando a comparação com igual mês do ano antecedente, a indústria deve voltar a mostrar taxas positivas somente na virada de 2016 para 2017, avalia Nishida. 



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