Notícias

FMI vê câmbio real do Brasil sobrevalorizado em relação a fundamentos

Veículo: Valor Economico 

Seção: Finanças 

­ 27/07/2016 às 14h16 FMI vê câmbio real do Brasil sobrevalorizado em relação a fundamentos A posição externa do Brasil em 2015 estava “moderadamente mais fraca” do que o nível consistente com os fundamentos de médio prazo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em relatório divulgado nesta quarta­feira, o Fundo diz que o resultado em conta corrente deve continuar a melhorar ao longo deste ano, avaliando também que a taxa real de câmbio efetiva – que se fortaleceu ao longo do primeiro semestre ­ continua acima do sugerido "pelos fundamentos e pelo conjunto desejável de políticas”. Pelas estimativas do FMI, o câmbio real efetivo em 2015 tinha uma sobrevalorização de 5% a 15%. Em junho deste ano, esse indicador, que leva em conta a diferença de inflação entre o Brasil e os principais parceiros comerciais, já se encontrava 6% acima da média do ano passado, devido à apreciação ocorrida na primeira metade do ano. Entre 2014 e 2015, a taxa real efetiva tinha se desvalorizado em 15%. 

Ao falar das perspectivas para a conta corrente, o FMI diz esperar que o resultado em relação ao PIB siga melhorando ao longo deste ano, num cenário marcado por demanda doméstica contida e o impacto defasado da desvalorização do câmbio ocorrida em 2015. Isso deve ocorrer mesmo com a provável piora dos termos de troca (a relação entre preços de exportação e preços de importação). O Fundo destaca o forte ajuste da conta corrente em 2015, ocorrido justamente pelo tombo da demanda e do fortalecimento do real. No ano passado, o buraco nas transações de bens, serviços e rendas do país com o exterior caiu de 4,3% do PIB para 3,3% do PIB, mesmo num quadro em que o recuo dos preços das commodities exportadas pelo Brasil reduziu em 1,5% do PIB o valor das vendas externas. 

Pelas contas do FMI, o déficit em conta corrente ficou em 2,8% do PIB em termos ciclicamente ajustados, considerando o nível de ociosidade de economia e os termos de troca. Por esse critério, o resultado em conta corrente consistente com “os fundamentos e o conjunto desejável de políticas” varia de um superávit de 0,25% do PIB até um rombo de 1,5% do PIB, segundo os economistas do Fundo. A avaliação do Brasil faz parte da análise anual feita pelo FMI do setor externo de 28 países mais a zona do euro. Na visão do FMI, uma recuperação da demanda privada pode levar o déficit a aumentar, a menos que haja um fortalecimento da poupança pública. O relatório também destaca que o desenvolvimento do potencial do petróleo no pré­sal não deve mais contribuir significativamente para o ajuste externo, uma vez que o investimento na expansão nesse campos foi reduzido. 

O Fundo também ressalta que a taxa de câmbio flutuante tem sido importante para absorver choques para a economia brasileira. Segundo o relatório, o nível de reservas se manteve basicamente constante em 2015, na casa de US$ 358 bilhões, o equivalente a 20% do PIB e a 200% do volume de dívidas de curto prazo. Para o FMI, as reservas estão num nível adequado, de acordo com vários critérios. “Embora as reservas em princípio ofereçam algum espaço para intervenção, as autoridades devem ter como objetivo manter esses amortecedores e a posição de credor líquido em moeda estrangeira”, recomenda. Segundo os economistas da instituição, é aconselhável apenas “aliviar pontualmente condições desordenadas de mercado” se for necessário. Na visão do Fundo, isso pode ocorre também por meio do mercado de derivativos. 

Ao tratar das “potenciais respostas de políticas” que o Brasil deve tomar, o FMI diz que são necessários esforços para aumentar a poupança doméstica, para assegurar uma expansão sustentada do investimento. “O ajuste fiscal, incluindo a reforma da Previdência, deve contribuir para mudar a estrutura do gasto”, hoje muito concentrado no consumo, avalia o Fundo. “Reformas estruturais para reduzir o custo de fazer negócios também ajudariam a fortalecer a competividade”, afirma o FMI. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar