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IIF prevê queda acentuada de juros no Brasil

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasiil 

O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) prevê que os juros vão cair bastante no Brasil até o fim do ano. “Nós esperamos que o Banco Central corte as taxas de juros em outubro, levando­as de 14,25% para 13,25% e para 10% até o fim do ano”, disse Ramón Aracena, economista­chefe da instituição para a América Latina. A previsão foi feita após reuniões de Aracena com integrantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central e representantes do setor privado no Brasil. Segundo ele, o país está recuperando a confiança perdida. “As autoridades estão comprometidas com a reconstrução da credibilidade das políticas como o único caminho viável para obter crescimento forte e sustentável”, afirmou. 

O economista ressaltou que o BC está focado em trazer a inflação para dentro do centro da meta de 4,5%, em dezembro de 2017. Já a Fazenda está buscando implementar um ajuste fiscal gradual através do controle dos gastos governamentais. “A Administração do presidente interino Michel Temer está trabalhando para colocar um limite no crescimento da despesa primária do governo igual à inflação do ano anterior por um período de 20 anos”, destacou Aracena. Ele enfatizou que um projeto neste sentido foi enviado ao Congresso e deverá ser aprovado em 2017. Além disso, uma reforma na Previdência para aumentar a idade mínima de aposentadoria e cortar benefícios deverá ser encaminhada ao Congresso até o fim do ano. “Implementar essas iniciativas é crucial para impulsionar a confiança e colocar a dinâmica da dívida pública numa trajetória sustentável”, afirmou. O economista destacou ainda que as condições políticas estão mudando no país, como a eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM­RJ) para a Presidência da Câmara e a perspectiva de conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, no fim de agosto. Ele qualificou Maia como um aliado pragmático de Temer que irá levar a agenda de reformas adiante. 

Recuperação 

Para o IFF, a economia brasileira está mostrando sinais incipientes de recuperação. A confiança dos empresários voltou, os fluxos de capital estão aumentando, a produção industrial está se estabilizando e a resistência da economia de maneira geral estão crescendo, concluiu Aracena. Ele apontou o fortalecimento do real em mais de 20% frente ao dólar desde dezembro e a performance dos mercados emergentes após o Brexit como demonstrativos dessa melhoria. Além disso, houve uma correção nas políticas que continua no cenário do país. Se essa correção de rumos continuar, o IIF prevê um crescimento entre 1% e 1,5% na economia brasileira, em 2017, e acima de 3%, em 2018. 

Essa recuperação será, contudo, desacelerada pela desalavancagem das empresas e pela cautela no consumo devido ao alto desemprego. “Os maiores riscos para as nossas expectativas estão se o presidente interino Michel Temer for implicado com casos de corrupção na Operação Lava­Jato”, disse Aracena. “Isso poderia afetar o ajuste de políticas”, completou. Outro risco estaria na desaceleração da China. 

“Algo de bom surgiu do longo e severo período de crise política e econômica que afetou o Brasil”, disse o economista­chefe. Segundo ele, o establishment político foi forçado a lidar com mudanças nas políticas e o desafio, agora, estaria em fortalecer a estabilidade macroeconômica e aprofundar as políticas a favor dos negócios. 



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