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Empresa já anulou mais da metade da perda com defasagem

Veículo: Valor Economico 

Seção: Brasil 

A perda acumulada pela Petrobras no período em que vendeu gasolina e óleo diesel abaixo dos preços internacionais no mercado doméstico seguiu diminuindo nos últimos meses e já está em menos da metade do que era no seu pior momento, no fim de 2014, mas os ganhos mensais da estatal perderam força com a recuperação do barril do petróleo. Estimado em cerca de R$ 30 bilhões, a expectativa é que esse déficit demore mais de um ano para ser zerado, prazo um pouco mais longo do que o esperado anteriormente, uma vez que a vantagem da estatal sobre os preços externos tende a ficar um pouco menor. Isso porque até junho, os preços do barril vinham mais altos (ver gráfico), movimento que mudou em julho, mas não entra ainda nas contas dos analistas. Nos cálculos da Macrosector, as perdas da empresa com a política de preços mais baixos do que os externos, em vigor de 2011 até 2014, devem ter chegado a R$ 30,96 bilhões em junho ­ R$ 31,66 bilhões a menos do que em igual menos de 2015, quando estavam em R$ 62,62 bilhões. O dado do mês passado é o menor desde agosto de 2012 (R$ 29,64 bilhões). O pico da série foi alcançado em outubro de 2014, mês em que esse rombo chegou a R$ 76,52 bilhões. 

O cenário é ainda favorável para a Petrobras, diz Fabio Silveira, sóciodiretor da consultoria, que, no ritmo atual, deve zerar o saldo negativo em cerca de 14 meses, mas a alta internacional do petróleo impõe um ritmo um pouco mais lento a essa trajetória. Os ganhos mensais da estatal com as vendas de combustíveis, que já chegaram a superar R$ 4 bilhões em janeiro deste ano, caíram para patamar mais próximo a R$ 2 bilhões nos dois últimos meses, observa. No início de 2016, o barril do petróleo oscilava entre US$ 30 e US$ 35, lembra Silveira. Hoje, está ao redor de US$ 50, e a tendência é que aumente para US$ 55 até o fim do ano. Em sua avaliação, a recente valorização do real, que atua a favor da queda do déficit da estatal, foi compensada pelo aumento dos preços internacionais. Devido à continuidade da política monetária expansionista nos EUA, que eleva os preços das matérias­primas ao aumentar a liquidez nos mercados, o barril tem espaço para subir um pouco mais, acredita. 

O Centro Brasileiro de Infra­estrutura (CBIE) estima que as perdas acumuladas pela estatal devido à venda de combustíveis com preços menores do que os internacionais são de R$ 32,8 bilhões, sendo que a gasolina responde por R$ 14,2 bilhões do déficit, e o diesel, por R$ 18,6 bilhões. O saldo negativo ­ que compreende o período de janeiro de 2011 até maio de 2016 ­ se manteve mesmo com o ganho de R$ 25,5 bilhões para a Petrobras entre novembro de 2014 e maio deste ano, diz o economista Adriano Pires, A questão é que os prejuízos no primeiro mandato da presidente afastada Dilma Rousseff foram muito grandes. Na avaliação de Pires, o déficit da estatal seria recuperado mais rapidamente com o barril de petróleo abaixo de US$ 40. Tendo em vista o sério problema de caixa da estatal, o correto seria que a empresa adotasse uma fórmula de cálculo que desse mais transparência à política de preços de combustíveis, defende ele. Mas isso ainda não foi sinalizado até agora pelo novo governo. "A Petrobras precisaria ganhar um prêmio e, quando esse déficit fosse zerado, a política de preços seguiria o mercado internacional", afirma

Segundo o CBIE, a gasolina estava 20,4% mais cara no mercado local, em média, nos primeiros cinco dias de julho, e o diesel, 35,9% acima dos preços no Golfo do México. O que permite essa vantagem para a Petrobras são fatores não controlados pela empresa, destaca Pires, e qualquer reação mais forte do petróleo no mercado internacional anularia esse prêmio. Em suas estimativas, o barril deve ficar em torno de US$ 40 a US$ 50 em 2016, e aumentar para US$ 55 e, 2017. Silveira, da Macrosector, calcula que, na média de junho, a gasolina foi negociada pela Petrobras 14% acima dos preços internacionais, enquanto a vantagem do diesel foi de 35% no período. "O ideal seria que esses preços se movimentassem acompanhando o mercado internacional, como ocorre com os preços dos demais combustíveis", diz. Para ele, é pouco provável que a Petrobras reduza os preços nas refinarias. Nas bombas, a expectativa é de alta, em função da avaliação de que a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis poderá subir, para aumentar a arrecadação do governo. 



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