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RTI de Ilan: mais simples, direto e sem discurso radical

Veículo: Valor Economico 

Seção: Valor Investe 

O Relatório de Inflação de junho, divulgado nesta manhã pelo Banco Central do Brasil, está mais enxuto e com uma narrativa mais simples. Não traz um discurso radicalmente oposto que possa ser creditado à transição de Alexandre Tombini para Ilan Godfajn, mas sugere um rebalanceamento de prioridades a se confirmar nos próximos meses, sobretudo, quando os diretores indicados por Ilan passarem a integrar a equipe. O documento apresentado hoje pelo BC tem um tom menos severo quando avalia a inflação, mais direto quanto à necessidade de ajuste fiscal para a economia voltar a crescer e menos inclinado a atribuir às turbulências do cenário externo as frustrações da economia doméstica. 

O RTI de junho repete que o “cenário central” com o qual trabalha a autoridade monetária não comporta a hipótese de “flexibilização das condições monetárias” e reitera o compromisso do BC de “circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.” No Sumário Executivo do RTI de junho, a instituição repete que as projeções apresentadas no documento consideram, que o ainda elevado patamar da inflação em doze meses é reflexo dos processos de ajustes de preços relativos ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, mas subtrai a afirmação feita no RTI de março que acrescentava que esses fatores “fazem como que a inflação mostre resistência”. 

O documento publicado nesta manhã não tem uma repercussão tão contundente quando a Ata do Copom do encontro encerrado em 8 de junho, em que a indicação do IPCA, de 4,50% para 2017, foi interpretada praticamente como um desafio imposto por Tombini a Ilan. A ideia de que no cenário de referência – mencionado na última Ata – a inflação cravaria 4,50% com Selic mantida a 14,25% sugeriu, logo após o Copom, que se Ilan e sua equipe reduzissem a Selic __ possibilidade aventada sistematicamente pelo mercado financeiro __ , o novo presidente do BC estaria praticamente minando o cumprimento da meta no ano que vem. 

No RTI de junho, divulgado hoje, o cenário de referência traz inflação de 4,70%, ligeiramente acima de 4,50% da meta vigente até 2017, pelo menos até amanhã __ véspera da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que, em todo mês de junho, deve definir a meta de inflação de dois anos adiante no calendário e ratificar (ou não) a meta para o ano seguinte. Neste ano, o CMN deve fixar a meta de inflação de 2018 e bater o martelo sobre a meta de 2017 fixada no ano passado ainda em 4,50%, mas com margem de tolerância menor __ de 1,5 ponto percentual vindo de 2 pontos em relação ao valor da meta. 

No Sumário Executivo, o RTI de junho não apresenta os novos parâmetros adotados pelo governo para a política fiscal, caso do déficit primário estimado em até R$ 170 bilhões para 2016, mas no corpo do Relatório todos os parâmetros e decisões recentes são mencionados. Em tempo: Ilan Goldfajn indicou quatro diretores para compor o comando da instituição __ Carlos Viana para Política Econômica, Reinaldo Le Grazie para Política Monetária, Tiago Berriel para Assuntos Internacionais e Isaac Menezes Ferreira para Relacionamento Institucional e Cidadania. Nesta terça, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) haverá a leitura dos relatórios sobre as indicações de Ilan. Na próxima terça­feira, 5 de julho, os quatro indicados de Ilan serão sabatinados na Comissão.



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