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Desemprego atingiu 11,4% em maio, dizem economistas

Veículo: Valor Economico

Seção: Brasil 

O desemprego driblou a sazonalidade positiva do início do segundo trimestre e avançou de 11,2% para 11,4% entre abril e maio, de acordo com a média de 19 estimativas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data. O nível está mais de três pontos percentuais acima da taxa observada no mesmo intervalo do ano passado, 8,1%. As projeções para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que será divulgada amanhã, variam de desemprego de 11,1% a 11,6% da força de trabalho. O indicador é mensurado em trimestres móveis. A taxa continua sendo pressionada tanto pela maior procura por emprego, traduzida no incremento da força de trabalho ­ 1,8% em média entre janeiro e abril, na comparação com o mesmo período do ano passado ­, quanto pelo fechamento de vagas pelas empresas, pondera Luiz Fernando Castelli, da GO Associados. Neste início de ano, a ocupação recuou em média 1,4%, também no confronto com igual intervalo de 2015, contra uma alta de 0,2% apurada no ano passado. 

A estimativa de 11,3% para o desemprego de maio da Tendências Consultoria embute uma queda de 1,7% no volume de empregados no país em maio ­ desempenho semelhante ao do trimestre móvel até abril ­ e avanço de 1,7% da população economicamente ativa, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Se confirmada a expectativa, diz o economista Thiago Xavier, a taxa dessazonalizada passaria de 10,7% para 11%. Castelli lembra que o mercado de trabalho, por reagir de maneira defasada à atividade, deve seguir se deteriorando neste ano, apesar dos sinais de estabilização da economia. A taxa de desemprego aumentaria pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2017, quando chegaria a 12,5%. A ocupação, porém, deve começar a reagir já nos próximos meses, com resultados menos negativos que os deste início de ano. 

Os economistas Bruno Ottoni e Tiago Barreira, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, observam que o emprego por conta própria, que amorteceu a desaceleração do mercado de trabalho no ano passado, recuou em abril pelo segundo trimestre móvel consecutivo, 0,9% em relação aos três meses encerrados em março. Caso essa tendência se mantenha, diz o mais recente Boletim Macro da instituição, pode haver revisão para cima da taxa de desemprego para este e o próximo ano. Eles projetam 11,5% em maio e 11,6% no fim do ano. 

Castelli pondera que o ritmo forte de contração da renda média real, que encolheu 3,3% de janeiro a abril, sobre o mesmo intervalo de 2015, pode ser suavizado pela desaceleração da inflação nos próximos meses. A tendência, contudo, é que os salários continuem prejudicados. "O trabalhador está hoje do lado mais fraco da negociação", comenta. 



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