Notícias

EUA têm menor saldo do agronegócio em 10 anos; o do Brasil cresce

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Colunistas - Por Mauro Zafalon

Os Estados Unidos, um dos líderes mundiais em exportações no agronegócio, tiveram o menor saldo comercial no setor em uma década, quando comparados os dados do primeiro quadrimestre de cada ano.

Essa perda de saldo ocorre devido ao volume menor de produtos exportados, associado a uma queda nos preços internacionais das commodities.

Essa desaceleração mundial dos preços torna as receitas do setor ainda menores.

De janeiro a abril deste ano, as exportações dos EUA recuaram para US$ 40,7 bilhões, 13% menos do que em igual período do ano anterior, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O saldo do agronegócio de janeiro a abril foi de apenas US$ 1,27 bilhão. Em igual período de 2015, o valor era de US$ 7,9 bilhões, e, em 2014, de US$ 15,3 bilhões.

Os meses de março e abril apresentaram deficit. Foi a primeira vez desde a década de 1970 —conforme dados disponíveis pelo Usda— que os norte-americanos tiveram dois meses seguidos de deficit na balança comercial do setor.

Ao contrário dos EUA, o Brasil está sendo salvo pelos volumes exportados. Com isso, apesar da queda externa do preço das principais commodities, o país ainda obtém saldo positivo.

Nos quatro primeiros meses deste ano, o saldo brasileiro no setor de agronegócio somou US$ 24,1 bilhões, 18% mais do que em igual período do ano passado.

Os norte-americanos, que perderam a liderança mundial nas exportações de soja, tiveram queda de 5% no volume desse produto enviado para o mercado externo na safra 2015/16.

Já as exportações da oleaginosa deste ano feitas pelo Brasil superam em 45% as de igual período de 2015.

Os Estados Unidos perderam terreno, ainda, nas exportações de milho, trigo e algodão. O Brasil é dependente do mercado externo em trigo, mas aumentou as vendas externas de algodão e de milho. Neste último caso, as exportações vêm atingido recordes.

CARNES

Outro setor importante para os dois países é o de carnes. Aqui também os dois países andaram em lados opostos.

Enquanto o Brasil ganhou mercado no setor, os norte-americanos tiveram queda de 13% nas receitas com carnes bovina e suína. Já a redução nas receitas com as vendas externas de frango foram de 22% no quadrimestre em relação a igual período do ano anterior.

Em volume, as vendas de carne dos Estados Unidos também caíram. No caso da bovina, a queda foi de 17% no acumulado do ano fiscal (outubro de 2015 a abril 2016), em relação a igual período anterior.

O cenário para o segundo semestre, no entanto, poderá ser mais favorável para os norte-americanos no setor de grãos. O Brasil praticamente esgotou o potencial de exportações para soja e milho, produtos com forte demanda interna.

Já no caso das carnes —setor em que o país vai bem neste ano—, um agravamento da recessão econômica interna poderá deixar mais produtos para as exportações.

O fôlego dos norte-americanos no setor de carnes ainda é restrito, devido às restrições de produção nos últimos anos, principalmente no segmento de carne bovina.

*

DEFICIT SUSTENTA PREÇOS DO AÇÚCAR, DIZ RABOBANK

Os preços do açúcar tiveram elevação de 30% desde meados de abril. Essa aceleração tem fundamento, na avaliação do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

O deficit mundial de açúcar deverá ser de 8,5 milhões de toneladas na safra 2015/16 —outubro de 2015 a setembro de 2016.

Na safra seguinte, a de 2016/17, a demanda mundial também será menor do que a oferta em 5,5 milhões de toneladas, segurando os preços.

Claro que essas estimativas ainda são preliminares. Mas, se o Rabobank, que prevê produção mundial de 181 milhões de toneladas em 2016/17, elevar a safra em 3%, o deficit praticamente sumiria.

Porém, se o banco, em novas revisões de safra, reduzir a produção em 3%, o deficit poderia dobrar. 



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar