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Restoque e InBrands podem liderar mercado

Veículo: Valor

Seção: Economia

A Restoque, dona de marcas como Le Lis Blanc, Rosa Chá e Dudalina, pode alcançar a liderança em número de lojas no varejo de moda brasileiro e da América Latina se unir suas operações à InBrands, de grifes como Richard, Salinas e Ellus.

Porém, sob o risco de uma estrutura financeira mais frágil e de dificuldades de gestão. A empresa combinada teria mais de 7 20 lojas, entre estabelecimentos próprios e franquias, superando as âncoras de moda em shoppings centers, que têm em torno de 300 a 400 lojas. Vale ponderar que a metragem quadrada por loja é menor que a de competidores como Renner e Riachuelo e que os públicos são diferentes.

As ações da Restoque avançaram 26% nos últimos dois pregões. Na quinta-feira, a empresa informou ter firmado um memorando de entendimentos com a InBrands, para avaliar a fusão. "O mercado está bastante otimista sobre este acordo, provavelmente precificando as sinergias e não o aumento da alavancagem financeira", diz o analista Luiz Cesta, da Votorantim Corretora. "A principal expectativa em relação à negociação vem de importantes ganhos de eficiência na rede de abastecimento, assim como de melhorias nas despesas com vendas, gerais e administrativas", escreveu a analista Mariana Paulon, em relatório do BB Investimentos.

A Restoque tem foco em moda feminina e no "luxo acessível", enquanto a InBrands é mais presente no segmento masculino e casual. Na distribuição, o forte da Restoque é a gestão de lojas próprias, enquanto da InBrands são multimarcas e franquias. Somadas, as receitas dos dois grupos seriam de R$ 2,04 bilhões nos 12 meses até março, ultrapassando a Hering (R$ 1,9 bilhão) - a dona da Le Lis Blanc teve vendas de R$ 1,14 bilhão; a controladora da Ellus, de R$ 900,7 milhões. Com ambas no vermelho, o prejuízo líquido somaria R$ 88 milhões.

O tamanho da dívida comparado à capacidade de gerar caixa se aproximaria de 4 vezes, uma vez que a alavancagem da Restoque é de 3,5 vezes; a da InBrands é de 4,5 vezes. Quando o indicador supera 3 vezes, torna-se preocupante pelo risco de não pagamento. Reduzir a dívida em meio a um processo de fusão pode ser muito desafiador, porque a maior parte dos esforços da gestão está voltada à integração, diz o BB Investimentos. "Porém, uma empresa com perfil acionário mais robusto pode ter mais força de negociação com os bancos", diz Flavio Boan, da consultoria Falconi.

A empresa pode fazer uma captação de recursos via capitalização, mas não se sabe qual seria o posicionamento de minoritários perante uma potencial diluição. A gestão de 13 marcas e diferentes canais colocará a gestão à prova. "O desafio é criar uma cultura única capaz de gerar todos os ganhos esperados em termos de processos mais eficientes e de centralização da atividade administrativa, e manter modelos de atendimento de acordo com as demandas do público de cada marca", diz Boan. A Restoque tem enfrentado dificuldades para integrar as operações da Dudalina e pode demorar ao menos um ano para que a fusão com a InBrands esteja completamente concluída, o que elevaria custos e despesas no curto prazo, segundo analistas.

A InBrands também enfrenta problemas de gestão de marcas, como é o caso da Mandi e da Alexandre Herchcovitch, que passaram a ter as suas operações encerradas aos poucos, em nome de grifes mais rentáveis. Edson D'Aguano, presidente da Consultive Branding, considera o momento propício a mudanças, pois a recessão reduziu os preços dos ativos e expôs dificuldades de rivais mais frágeis. "É possível conviver com diversas marcas, desde que se tenha um bom planejamento estratégico", diz, citando a francesa LVMH, que atua em seis setores por meio de mais de 7 0 grifes de luxo, como Fendi e Givenchy.



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