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Indústria dá sinais de que pode iniciar recuperação

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Economia

Após um longo período de declínio, observamos os primeiros sinais de melhora na indústria. Os fundamentos e os dados correntes sugerem que a produção industrial pode começar a se recuperar a partir do segundo semestre.

Nos últimos anos, podemos destacar dois períodos distintos. Entre 2010 e 2013, a produção industrial ficou praticamente estável (alta média de 0,1%). A partir de 2013, houve forte redução da demanda interna, que resultou nas contrações do produto industrial nos dois últimos anos. Atualmente, ela encontra-se aproximadamente 18% abaixo da média de 2013.

Entretanto, segundo dados da Fundação Getulio Vargas, há sinais de que o nível de produção já esteja abaixo da demanda. De fato, a partir do fim de 2015, iniciou-se uma tendência de redução nos estoques, que tem se confirmado nos últimos meses.

Caso não haja nova redução na demanda –que tem se mantido estável nos últimos meses–, os estoques devem continuar se ajustando, dado o nível atual de produção.

Quando os estoques tiverem se ajustado, a produção deve aumentar, a fim de que se mantenha o nível desejado. Dessa forma, num primeiro momento, a recuperação da produção na indústria não requer aumento de demanda.

Evidentemente, para que uma eventual recuperação seja sustentável, é preciso que a demanda volte. Avaliamos que há sinais favoráveis para isso. Esforços de ajustes fiscais podem refletir positivamente na confiança do empresário, estimulando o investimento. Adicionalmente, uma provável queda de juros no segundo semestre, possibilitada pela tendência de queda da inflação, pode corroborar esse movimento.

Esse processo parece já estar ocorrendo. Dados divulgados mostram reação incipiente na indústria. A confiança do setor, que costuma anteceder movimentos da produção, voltou a elevar-se.

Além disso, a proporção de setores industriais que apresentaram crescimento da produção (difusão setorial) passou de 30%, no quarto trimestre de 2015, para 52%, no primeiro trimestre deste ano. A difusão setorial também costuma anteceder a produção.

Em suma, tanto os fundamentos quanto os dados correntes sugerem uma leve melhora da indústria a partir do segundo semestre deste ano.

Cabe lembrar que o aumento esperado na produção industrial se dá a partir de níveis muito baixos, comparáveis aos de 2004. Para que se sustente, são importantes ajustes econômicos, especialmente do lado fiscal, para aumentar a previsibilidade e a confiança da economia.



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