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Efeito da troca de governo no PIB fica para 2017, diz Ibre

Veículo: Valor Econômico

Seção: Brasil 

A mudança de governo e as repercussões na política econômica geram expectativas mais otimistas, mas uma retomada não deve vir ainda este ano, que deverá ter contração de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) de abril. Em março, a estimativa era de retração de 3,7%. Para o primeiro trimestre de 2016, a projeção é de queda de 0,3% em relação ao trimestre anterior e de 5,5% em relação a igual período do ano passado. Para 2017 a previsão é de taxa quase nula de crescimento.

Silvia Matos, coordenadora técnica do boletim, diz que a forte desaceleração da economia já está dada para este ano, apesar do otimismo por conta do novo governo e da sua equipe econômica. "Apesar da lua de mel, precisamos jogar um balde de água fria." O mercado de trabalho, destaca ela, ainda deve sofrer maior deterioração, por conta da perda de vagas combinada com o crescimento da População Economicamente Ativa (PEA). Isso deve se prolongar para 2017. 

No Boletim Macro Ibre de abril, os economistas Bruno Ottoni Eloy Vaz e Tiago Cabral Barreira traçam três cenários para projetar a taxa de desemprego em dezembro do ano que vem. 

No cenário pessimista há aprofundamento da atual crise econômica, com combinação de deterioração do quadro fiscal, alta do câmbio e aumento da inflação. Nesse caso a taxa de desemprego terminaria 2017 em 14,7%. No cenário otimista há recuperação da economia, com queda de inflação e valorização do câmbio e a taxa de desemprego seria de 11%. No cenário base, em que não há grandes alterações no rumo da economia, a taxa seria de 13,1%.

Silvia destaca que as taxas projetadas mostram um nível de desemprego ainda alto. "O mercado de trabalho demorou para piorar e vai demorar para melhorar", diz. Esse componente, diz ela, deve retardar a retomada do consumo das famílias que, além da perda da renda, estão em situação difícil, com alto endividamento.

Ao mesmo tempo a manutenção da inflação em níveis relativamente altos deverá dificultar a queda da taxa de juros. A projeção do Ibre é de inflação de 7% em dezembro deste ano. Silvia destaca que o processo de desaceleração da inflação tem sido muito lento, apesar da queda da atividade econômica e da rodada de valorização cambial. Há um receio ainda de que a taxa seja pressionada por preços administrados ou elevação de tributos, pela necessidade de ajuste fiscal. 

A trajetória da inflação e consequentemente da taxa de juros, diz a economista, dependem da confiança e da condução das medidas anunciadas pelo novo governo, principalmente as mais amargas, como as mudanças na aposentadoria e o teto de despesas que poderá afetar setores como saúde e educação. Essa análise, diz ela, requer muita cautela. Ela lembra que muitas mudanças demandam alterações constitucionais e não se sabe ainda o quanto podem avançar no novo governo. 

A boa notícia, diz Silvia, é que esse começo de recuperação de confiança com o novo governo pode propiciar a elevação do nível de investimento o início de uma retomada da economia, com mudanças que não demandam emendas constitucionais, como normas de regulação, mudanças no BNDES e programas de concessão. 



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