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Mercado diz ao BC ver reação lenta

Veículo: Valor Economico

Seção: Finanças 

O mercado financeiro vê uma recuperação lenta da economia diante das incertezas sobre o ritmo de implementação das medidas de ajuste fiscal no novo governo de Michel Temer. A atividade fraca e a desaceleração da inflação devem abrir espaço para um corte de juro, mas a melhora sensível das expectativas vai depender do equacionamento das contas públicas. 

Essa é visão dos economistas que participaram das duas reuniões com o diretor de política econômica do Banco Central (BC), Altamir Lopes, ontem em São Paulo. Os encontros visam colher as expectativas do mercado para a elaboração do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do BC, que será divulgado em junho.

Em ambos encontros, os economistas mostraram a perspectiva de desempenho fraco para a economia no ano que vem, prevendo recuperação lenta da atividade. "Os economistas estão um pouco mais otimistas com a atividade em relação à reunião anterior, mas destacaram que é necessário a desalavancagem das famílias e das empresas, que estão com nível de endividamento alto", destaca um participante da primeira reunião. 

As incertezas em relação à atividade se refletem na discrepância das estimativas para as projeções do PIB para 2016. "Havia desde economistas prevendo um crescimento de 3% do PIB no ano que vem até aqueles que esperavam a continuidade da recessão em 2017, afirma um dos participantes da segunda reunião. 

A maioria dos economistas presentes nos encontros espera um crescimento do PIB entre 0,5% e 2% em 2017. Pesquisa Focus divulgada ontem pelo BC mostra que a mediana das projeções para o PIB para o ano que vem está em 0,5%, após queda de 3,88% em 2016. 

Com a atividade fraca, os economistas veem a possibilidade de queda da Selic neste ano, mas ainda há divergências se esse movimento ocorrerá no curto prazo ou mais adiante. 

Em relação à inflação, a projeção para 2017 da maioria está entre 5% e 5,5%, próxima da mediana para o IPCA na pesquisa Focus, em 5,50% para 2017. 

A mudança de governo contribuiu para a melhora das expectativas de inflação, mas os economistas têm dúvidas sobre a aprovação das medidas de ajuste fiscal no curto prazo. "Em geral, o mercado espera que venha o anúncio de algumas medidas já no curto prazo e os preços dos ativos embutem essa expectativa", afirma um participante do encontro.

No cenário internacional, a desaceleração mais forte da economia chinesa ainda é uma preocupação, mas não deve trazer surpresas no curto prazo. 



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