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Equipe de Meirelles conta com nomes de peso e pouca margem de manobra

Veículo: Folha de São Paulo 

Seção: POR DINHEIRO PÚBLICO & CIA

A equipe anunciada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reúne nomes capazes de suscitar otimismo no mercado, mas suas chances de corresponder às expectativas geradas dependem menos dos economistas nomeados que dos humores do Congresso Nacional.

Tratando-se do governo de um presidente interino, que hesita diante dos primeiros resmungos contra o fim do Ministério da Cultura, é no mínimo desconfortável depender tanto de reformas impopulares a serem submetidas a deputados e senadores.

Sem mudanças nas leis que regem os gastos públicos -que ou reduzirão direitos previdenciários ou tirarão verbas da área social- ou aumento da carga tributária, nem o mais brilhante tecnocrata conseguirá reequilibrar o Orçamento federal.

É sintomático que tenham sido mantidos em seus postos os secretários da Receita Federal e do Tesouro Nacional. O deficit nas contas públicas, já estimado na casa dos RF$ 120 bilhões neste ano, não decorre mais de problemas de gestão.

Mansueto Almeida e Marcelo Caetano, dois estudiosos das despesas do governo, provavelmente serão encarregados de formular propostas para o futuro -cuja viabilidade, neste momento, é incerta.

Em agosto, haverá a Olimpíada; depois, o mundo político se dedicará às eleições municipais. Ainda estarão em andamento a Lava Jato, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a ação contra a chapa de Dilma e Michel Temer na Justiça Eleitoral.

Não é um ambiente favorável para votações difíceis no Congresso, dedicadas a medidas voltadas para o futuro. Há urgências a examinar antes, como a mudança na meta fiscal deste ano e a renegociação das dívidas dos Estados.

A aposta mais viável parece ser numa melhora das expectativas para a inflação, com a substituição do desacreditado Alexandre Tombini pelo ortodoxo Ilan Goldfajn no comando do Banco Central.

Menos inflação significa a possibilidade de, enfim, reduzir os juros; menos juros significa mais consumo e investimento; mais consumo e investimento significa maior arrecadação de impostos.

Mas, mesmo no caso do BC, já foi preciso recuar da recorrente intenção de conceder mandatos aos dirigentes da instituição. Não é hora de arranjar mais dor de cabeça no Legislativo.



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