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Compromisso fiscal de Temer e risco de decisões apressadas cercam BC

Veículo: Valor Econômico 

Seção: Valor Investe

Investidores têm no documento elaborado pelo PMDB com diretrizes da política social de um eventual governo Temer __ “Travessia Social” __ um prato cheio de informações que podem justificar maior volatilidade dos preços dos ativos financeiros neste início de maio. O primeiro ponto a entrar em debate é o quanto o ‘novo’ governo está comprometido com o equilíbrio fiscal. Esse compromisso encabeça prioridades listadas por economistas de mercado para o reequilíbrio da economia e condição fundamental para que o Brasil obtenha melhor classificação para o seu risco de crédito. Em 2015, vale lembrar, o Brasil cometeu a façanha de perder três ‘investment grade’ (selo de bom pagador de suas dívidas), sendo rebaixado pelas agências S&P, Moody’s e Fitch. 

Raymundo Costa e Leandra Peres detalham no Valor de hoje o documento do PMDB que considera essencial o ajuste fiscal, mas esclarece que a redução da relação Dívida/PIB está prevista para quando for possível. “Se no prazo imediato o governo tiver o tempo e a confiança necessária, ele pode dar início ao relançamento da economia.” 

Os jornalistas relatam que o PMDB pretende romper dois ciclos viciosos __ um em que o baixo crescimento econômico piora o desempenho fiscal e outro em que a situação econômica coloca em risco baixo crescimento econômico piora o desempenho fiscal e outro em que a situação econômica coloca em risco políticas sociais. 

Analistas do mercado financeiro avaliam que apenas a troca de titular no Palácio do Planalto ­­ se Dilma Rousseff for afastada por decisão do Senado – não será suficiente para recuperar a corroída confiança na economia brasileira. E consideram um risco elevar apostas na possibilidade de o governo Temer tomar medidas polêmicas. E cabe aqui a perspectiva de que haverá um corte da taxa de juro a toque de caixa. 

A alternativa que se coloca ao ‘novo’ governo de conter as despesas financeiras, abatendo a fatura com juros, também presente às administrações anteriores, não será necessariamente usada por um ‘novo’ Banco Central (BC). “Decisão de tal relevância precisa ser combinada pelo ‘novo’ governo – objetivamente pelo ministro da Fazenda __ com os ‘russos’, mas os ‘russos’ ainda estão fora de campo”, brinca um interlocutor do Casa das Caldeiras, lembrando que Henrique Meirelles foi designado para comandar a Fazenda, mas o futuro comando do BC ainda não foi definido. 

As sugestões apresentadas por Henrique Meirelles para a presidência do BC, na semana passada, continuam valendo. Seguem supostamente na disputa pela sucessão de Alexandre Tombini, Carlos Kawall, ex­secretário do Tesouro, e os exdiretores de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, Mário Mesquita e Afonso Beviláqua.

É improvável que um dos quatro candidatos aceite ingerência de outros setores do governo em decisões monetárias ou cambiais, avaliando o histórico de cada um. Nesse sentido, a chance de aliados de Michel Temer elegerem a política de juros como alvo preferencial da ‘nova’ equipe econômica poderá pesar na definição do presidente do BC de Temer e sua diretoria. 

O placar unânime da última reunião do Copom, na semana passada, passou a ideia de que o colegiado entrou em uma zona de neutralidade. Entretanto, o voto de toda a diretoria do BC na manutenção da Selic em 14,25% ao ano _ onde está deste o final de julho de 2015 ­­, não é uma sinalização de corte da Selic e tampouco convicção de que a inflação oficial cumprirá a trajetória almejada – ficar abaixo do teto da banda de flutuação (6,50%) neste ano e convergir para 4,50% no próximo. 



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