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Cortar nos custos-Vestuário

Veículo: CBNF 

Seção: Notícias 

Com os custos do trabalho em escalada, muitas empresas estão a pender para a compra de tecidos mais baratos e leves como forma de reduzir gastos e salvaguardar margens.

Os tecidos sintéticos mais finos não só se traduzem em preços mais baixos, como o seu menor peso, também que são menos caros de transportar. Todavia, num tempo em que as camisolas básicas e os tops moram nas prateleiras das lojas a cerca de 3 dólares (aproximadamente 2,63 euros), poderão os preços baixar mais?

De acordo com os especialistas do sector, ainda há margem de manobra para os retalhistas que vendem as peças a estes preços, mas não muita. «Provavelmente, estamos perto ou já no fundo do poço», admitiu Vincent Quan, professor no Fashion Institute of Technology (FIT) à CNBC.

Começar nas matérias-primas

Ao produzir uma peça de roupa, cerca de 50 a 60% do custo vem das matérias-primas, de acordo com Brian Ehrig, estratega de retalho da Kurt Salmon. Outros 20 a 30% estão relacionados com o trabalho, enquanto os restantes custos advêm do transporte, taxas e demais custos da cadeia de aprovisionamento. Isto significa que, ao combinar o preço do tecido com as despesas de expedição, a maioria do custo de uma peça de vestuário está diretamente relacionada com o material.

Embora os preços do algodão se tenham mantido relativamente estáveis ao longo dos últimos anos, o custo do trabalho está a aumentar na casa dos dois dígitos, de acordo com Ehrig. Algo que coloca aos retalhistas duas opções populares para protegerem as suas margens.

Estes podem mudar a produção para países de baixo custo no Sudeste Asiático – apesar das implicações potenciais que poderiam ter nas condições de trabalho –, ou utilizar materiais de baixo custo. «Se o consumidor não está disposto a pagar mais pelo mesmo produto e os preços estão a subir, ou pelo menos alguns estão a subir a dois dígitos, os retalhistas têm de cortar algures», afirmou Ehrig. «As matérias-primas, porque é onde reside o custo, são uma das alavancas que terão de puxar».

Porém, ainda que esta redução dos custos possa originar produtos de menor qualidade, esta será sempre uma implicação menos questionável do que a de deslocar o sourcing para fábricas mais baratas mas também potencialmente mais perigosas.

 Escolher a opção nº. 3

Há ainda uma terceira alternativa para os retalhistas poderem aliviar a pressão das suas margens e que muitos ainda não estão usar, aponta Brian Ehrig da Kurt Salmon. A compra antecipada de matérias-primas – algo que os retalhistas de moda rápida já fazem – pode proporcionar um preço melhor.

Vincent Quan, do FIT, destaca também que há algum espaço de manobra para aqueles retalhistas que cobram 10 dólares ou mais por uma t-shirt para poderem baixarem os preços. O custo real para produzir uma t-shirt simples ronda os 2 dólares, o que significa que ainda podem baixar o preço e manter o lucro. Todavia, depois dos 5 dólares, deixa de haver espaço para respirar.

No entanto, Quan reconhece que alguns retalhistas podem usar estes artigos de baixo preço como «líderes de perdas», o que significa que não têm lucro com eles, mas usam-nos como forma de gerar tráfego.

O problema surge quando o produto é fabricado a tão baixos custos que os consumidores o veem como um desperdício de dinheiro. Ehrig revela que esta questão é algo que os retalhistas com os quais trabalha estão a começar a ponderar, referindo que estes estão a tentar melhorar a qualidade dos seus produtos enquanto ainda conseguem poupar.



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