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Juros futuros e dólar iniciam semana em alta

Veículo: Valor Econômico

Seção: Finanças 

Após o rali dos ativos locais em março, os investidores adotaram uma postura mais cautelosa diante de incertezas no cenário político local, aguardando a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara. 

Embora a mudança de governo ainda seja o cenário base do mercado, esse processo pode levar mais tempo que o esperado, o que fez com os investidores ajustassem as posições e adotassem uma postura mais defensiva. Esse movimentou sustentou a alta das taxas de juros com vencimentos mais longos e ajudou a intensificar a alta do dólar no mercado local. 

No mercado de juros, investidores voltaram a recompor os prêmios nos contratos com prazos mais longos, após a forte queda das taxas verificada em março. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subiu de 13,72% para 13,98%. 

A presidente Dilma apresentou ontem sua defesa à comissão especial na Câmara, que analisa o pedido de impeachment. A previsão é que a votação em plenário possa ocorrer a partir do dia 15 de abril. 

Entre os contratos de DI com prazos mais curtos, no entanto, a alta foi limitada pelo aumento das chances de o Banco Central iniciar um corte de juros ainda este ano, reforçado por notícias de que o governo está pressionando por redução nos preços dos combustíveis. 

O contrato DI para janeiro de 2017 subiu de 13,78% para 13,81%. Com isso, embute uma probabilidade de um corte de 0,75 ponto neste ano.

Já a Pesquisa Focus do BC divulgada ontem mostrou que, pela primeira vez neste ano, o consenso do mercado passou a prever queda da Selic em 2016. A mediana das estimativas para o juro básico no fim do ano caiu de 14,25% ao ano (estabilidade) para 13,75%. O corte seria de 0,50 ponto percentual e aconteceria no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro. 

A revisão do grupo Top 5 para a Selic, tanto de curto quanto de médio prazos, foi ainda maior e passou de 14,25% para 13,,25%.

Ao mesmo tempo, a mediana das estimativas para inflação recuou pela quarta semana consecutiva, saindo de 7,31% para 7,28% ao fim da semana passada. Para 2017, a mediana das projeções para inflação ficou estável em 6%. Parte desse recuo reflete a redução das projeções para a moeda americana. 

Ontem o dólar subiu 1,46%, para R$ 3,6133, refletindo o movimento de valorização da moeda americana no exterior e aumento das incertezas no cenário político. 

A autoridade monetária voltou a ofertar ontem contratos de swap cambial reverso, que equivalem a uma compra futura de dólar, vendendo 8.140 do total de 14.100 contratos ofertados. O BC oferta hoje os 5.960 contratos que não foram colocados no leilão de ontem. 

A autoridade ainda segue com a rolagem do lote de US$ 10,385 bilhões em contratos de swap cambial tradicional que vence mês que vem. O BC renovará mais 5.500 contratos. Se mantiver o mesmo ritmo, o BC deverá renovar apenas 50,31% do lote vincendo. 

Para o operador de câmbio da Hencorp Commcor Cleber Alessie, o BC só não deixa de fazer leilões de rolagem porque isso poderia causar desequilíbrios entre demanda e oferta de "hedge" cambial. Por ora, diz Alessie, a estratégia do BC tem sido a de ver as condições diárias do mercado, podendo reduzir o volume de rolagem caso a pressão de baixa sobre o dólar permaneça. "O que está claro é que o BC vai aproveitar as oportunidades para reduzir o estoque de swap", diz o operador. 

 



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