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Bolsa tem dia de perdas com movimentações do governo

Veículo: Valor Econômico. 

Seção: Finanças 

Uma mudança nas expectativas em relação à continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi o evento catalisador para que investidores vendessem ações para realizar lucros no pregão de ontem. O Ibovespa fechou em baixa de 3,52%, a 48.780 pontos, mas ainda acumula alta de 12,53% no ano. A cautela com o cenário político prevaleceu e o giro financeiro ficou em R$ 4,6 bilhões, abaixo da média diária do mês, de cerca de R$ 10 bilhões. 

De acordo com profissionais do mercado financeiro, a ruptura do governo ainda é o cenário base traçado pelos investidores, mas a probabilidade de que ocorra no curto prazo diminuiu desde sexta­feira. "O governo tem se mostrado disposto a ficar no Palácio do Planalto e usar diversos recursos para isso", disse Marcelo Allain, professor da Fipe.

A saída do PMDB do governo, na semana passada, abriu espaço para que os articuladores do Palácio do Planalto começassem a renegociar cargos com partidos menores para evitar uma votação desfavorável ao governo no processo de impeachment na Câmara dos Deputados. 

"O mercado está revendo os preços das ações em um ambiente em que a ruptura do governo pode demorar mais do que o previsto para ocorrer. Mas o cenário base de impeachment permanece", disse Daniel Weeks, economista da Garde Asset Management. 

O mercado também repercutiu os rumores de que a Petrobras poderia anunciar ainda ontem a redução do preço da gasolina e do óleo diesel. A medida seria um trunfo do governo, com efeitos positivos sobre o ânimo da população e reflexos na inflação ­ e, consequentemente, nos juros. 

Entretanto, o conselho de administração da estatal não seria favorável à redução de preços e não estaria disposto a aprová­lo. A Petrobras tem sofrido com a baixa nos preços do petróleo no mercado internacional e com a alta na cotação do dólar, que aumenta seu endividamento. As ações da Petrobras foram as que mais caíram no pregão: Petrobras PN teve baixa de 9,33% e Petrobras ON perdeu 8,83%.  Outro destaque negativo ficou com o papel ON do Banco do Brasil, que recuou 5,91%. 

Após o fechamento dos mercados, o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia­Geral da União (AGU), protocolou a defesa da presidente Dilma Rousseff ao pedido de impeachment dos juristas Helio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, que pede a destituição da petista com base em disposto crime de responsabilidade pelas pedaladas fiscais e a edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso. 

Depois de o ministro falar aos integrantes da comissão especial da Câmara que analisa o processo de impeachment, os deputados deverão votar um parecer em até cinco sessões ­ prazo que deve se encerrar na próxima segunda­feira, dia 11 ­ sobre se há motivo para abrir o processo de impeachment ou não. Na defesa, Cardozo deve afirmar que houve desvio de finalidade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB­RJ), que teria aceitado a denúncia como retaliação pelo PT votar pela cassação dele no Conselho de Ética. 

Em meio a incertezas e volatilidade, apenas duas ações fecharam em alta ontem. Os papéis da Rumo Logística subiram 2,35%, com a notícia de que a empresa irá renegociar dívidas de cerca de R$ 8,5 bilhões. A outra alta ficou com os papéis ON da Fibria, que também subiram 2,35%. 

 



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