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Dilma lembra ditadura e diz que alguns tentam dar nova cara ao "golpe"

Veículo: Valor

Seção: Economia

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff afirmou que a unidade de diversos setores da sociedade contra o processo de impeachment que ela sofre é uma “luta pela democracia”. “Nós sabemos porque lutamos, lutamos pela democracia”, disse em discurso durante cerimônia com artistas e intelectuais contra o impedimento de seu mandato, no Palácio do Planalto. Ao citar essa luta, a presidente relembrou a ditadura militar, que iniciou nesse mesmo dia há 52 anos. “Nós aprendemos o valor da democracia da pior forma possível, que é de dentro de um presídio”, disse. “Assisti a impossibilidade de estudantes e intelectuais se manifestarem”, lembrou a presidente.

Segundo ela, o objetivo da luta era ter uma “democracia que fosse capaz de prover a estabilidade da economia” e “ajudasse a combater a absoluta desigualdade no nosso país”. Golpe A presidente ressaltou que a Constituição não “autoriza impeachment porque alguém o quer ou porque interessa a segmentos da oposição e a setores que querem se beneficiar dele”.

Segundo Dilma, para ter um impeachment é necessário existir um crime de responsabilidade, o que não é o seu caso. “Não temos que ter medo da palavra impeachment, ele está na Constituição. Só pode ter impeachment com crime de responsabilidade”, afirmou. “Impeachment baseado em ‘pedaladas’ e decretos significa que todos os governos antes do meu teriam que ser alvo de um processo semelhante. Todos eles, sem exceção, praticaram atos iguais aos que eu pratiquei”, disse. De acordo com Dilma, “para cada momento histórico, o golpe assume uma cara”. Ela lembrou que na “América Latina nos anos 60, 7 0 e 80 a forma era intervenção militar”. “Se chamaram no passado golpe de revolução, hoje estão tentando dar um colorido democrático a um golpe”, disse.

Em seguida, ela afirmou que “agora a forma é a ocultação de golpe através de processos aparentemente democráticos”. “Sem sombra de dúvida, afastamento da presidente da República sem base legal é golpe”, analisou. “O nome golpe dói demais em alguns e por isso os pedidos para que eu renuncie”, afirmou. Pedem a renúncia, opinou Dilma, porque “sabem que esse processo é constrangedor” e também por ela ser mulher e por acreditarem que mulheres são mais frágeis. “Quanto pior melhor” Dilma disse sofrer por conta de “uma matemática política muito estranha” desde o primeiro dia após a sua vitória nas eleições de 2014.

Segundo ela, já no dia seguinte a sua vitória, a oposição se movimenta para tentar tirá-la do poder. Primeiro, lembrou a presidente, “pediram a recontagem de votos; depois, desconfiaram da inteireza das urnas”. ”Nos dois casos não houve qualquer mínimo indício de irregularidade”, prosseguiu. A presidente também comentou as dificuldades enfrentadas pelo governo no Congresso nacional, citando as “pautas-bomba”, que “estouram o orçamento fiscal". Segundo a presidente, ficou evidente que a oposição tem como tática o “quanto pior melhor”, que ela classificou de algo “perverso na luta política no nosso país”. “É impossível na democracia a oposição lutar pelo pior. Não se deve fazer isso, porque com isso se compromete o destino do país”, afirmou.

Dilma disse que “o presidente da Câmara [Eduardo Cunha]” aceitou um pedido de impeachment “porque o governo se recusou a participar de qualquer farsa na Comissão de Ética [na Câmara dos Deputados] que o julgava”. A presidente disse que isso tudo aconteceu apesar de ela ter vencido as eleições por uma margem significativa. “Não foi por grande margem, mas foi por aquela margem que garante que, nas democracias, quem ganha se torna presidente da República”, apontou.

Dilma argumentou ainda que, nas eleições de 2014, ainda não estava claro o tamanho da desaceleração das economias emergentes. “Vivemos em um mundo cíclico, em que economia acelera e desacelera.

Não é questão que diz respeito a esse ou aquele governo”, avaliou. Crescimento Dilma afirmou que o Brasil “tem todas as condições para voltar a crescer, e já”, o que torna grave a tentativa de seu afastamento. “Nós conseguimos reduzir a inflação e saímos de situação difícil no front externo”, avaliou. Segundo ela, “o governo não está parado, está a todo vapor”, mas “sem a estabilidade política, é como se a gente se esforçasse e as coisas não andassem”. “Precisamos de estabilidade política para voltar a crescer e gerar emprego”, disse Segundo Dilma, é necessário “resolver o processo de impedimento porque o Brasil não pode ser cindido em duas partes”. “Temos que lutar para voltar a crescer e criar na nossas sociedade um clima de união”, continuou. Logo depois ela avaliou que “não se une o país destilando ódio, rancor, raiva e perseguição”. “A união em torno do ‘não vai ter golpe’ vai ser uma das pedras fundamentais da retomada do crescimento”, concluiu Dilma.



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