Notícias

Bovespa recua mais de 2% e dólar está em baixa em dia de ajustes

Veículo: Valor

Seção: Economia

SÃO PAULO - Os mercados financeiros terminam o primeiro trimestre batendo marcas inesperadas em todos os segmentos, refletindo a importante mudança no cenário tanto local quanto externo. O Ibovespa, por exemplo, caminha para fechar o mês com ganho expressivo, mesmo com os investidores embolsando ganhos recentes, o que mantém o índice em queda nesta jornada.

O que mudou nesse período foram as condições globais de liquidez, com os bancos centrais ampliando estímulos ou prorrogando o aperto, como é o caso do Federal Reserve (BC americano), alimentando apetite por ativos de risco. No Brasil, a perspectiva de troca de governo deu força à recuperação dos ativos. No noticiário interno, chama a atenção para a mensagem deixada pelo BC no Relatório de Inflação, de que seguirá cauteloso na condução da política monetária, afastando a possibilidade de corte de juros no curto prazo.

Com isso, o efeito desinflacionário que a alta do real ante o dólar pode provocar poderá ser potencializado - mensagem que explica uma correção para cima dos juros futuros e também beneficia o dólar. Câmbio Um forte movimento de venda de dólar tomou conta do mercado de câmbio brasileiro na manhã desta quinta-feira, empurrando a moeda americana ao menor patamar em sete meses, para a linha de R$ 3,53. No trimestre, a moeda recua 9,13%. Confirmada essa variação, será a maior queda para um primeiro trimestre da história do Plano Real. O BC vendeu apenas 2.900 contratos de swap cambial reverso em leilão nesta quinta-feira, de uma oferta de 17 mil papéis.

Ontem, a autoridade monetária colocou 3 mil contratos de uma oferta de 20 mil. Operadores têm dito que os lotes pequenos de swaps reversos se devem à falta de disposição do BC em pagar prêmios ao mercado. E mais um leilão pequeno nesta quinta-feira reforça no mercado a sensação de que o BC pode não exatamente querer segurar a todo custo a cotação na linha de R$ 3,60. Em vez disso, o BC estaria apenas suavizando o movimento de queda do dólar. A rapidez da queda do dólar, que mais cedo chegou a subir, no entanto, mostra o grau de volatilidade do mercado e pode refletir também ruídos em torno da formação da Ptax de fim de mês.

A tradicional “briga” entre comprados e vendidos em dólar na BM&F se acirra na última sessão do mês e traz consigo muita volatilidade e distorções de preços. Às 14h12, o dólar comercial caía 1,36%, a R$ 3,57 04. Na mínima, a cotação ficou em R$ 3,5346, menor patamar intradia desde 25 de agosto de 2015 (R$ 3,5162). No mercado futuro, o dólar para maio cedia 0,91%, a R$ 3,5890. Juros Juros As taxas de juros futuras sobem em bloco na BM&F nesta quinta-feira, especialmente nos vencimentos mais longos, que também sofreram quedas mais expressivas recentemente.

O mercado corrige parte das movimentações dos últimos dias, ainda atento ao noticiário político, que de ontem para hoje não chegou a reforçar expectativas de uma rápida troca de governo. Notícias de que o governo já está costurando, com algum sucesso, acordos com partidos menores para, assim, garantir os votos necessários para barrar o impeachment serviram de lembrete de que o embate político poderá ser mais demorado que o esperado. Sinais de divergência no PMDB e no PSDB também funcionaram como um revés à certeza de um rápido impeachment da presidente Dilma Rousseff. Entre os vencimentos mais curtos, a reação se dá mais pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI), no qual o BC tornou a dar indicações de que não cortará a Selic neste ano. No documento, a autoridade monetária elevou de 6,2% para 6,6% a projeção de inflação para 2016, apesar de trabalhar com um dólar mais baixo (R$ 3,7 0) do que em dezembro (R$ 3,90).

A autoridade monetária reiterou que as condições atuais não permitem flexibilização da política monetária, frase já dita por integrantes do Copom em discursos recentes, e reafirmou que adotará medidas para manter a inflação dentro da meta em 2016. Às 14h14, o DI janeiro de 2017 subia a 13,840% ao ano, ante 13,7 60% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2018 ia a 13,610%, contra 13,460% no último ajuste. Na ponta longa, o DI janeiro de 2021 tinha alta a 13,810%, frente a 13,620% no ajuste da véspera.

Bolsa Depois da forte alta observada no mês de março, embalada com a perspectiva de uma ruptura do governo e a possibilidade de adoção de uma política econômica mais austera, a bolsa de valores operava em baixa de 2,11% aos 50.169 pontos, às 14h15. Os investidores decidiram vender os papéis para embolsar os lucros acumulados em março. Os investidores aguardam novas notícias políticas que possam ajudar a traçar estratégias de investimento. Após a saída do PMDB da base aliada do governo, os outros dois maiores partidos na Câmara dos Deputados, PP e PR, decidiram adiar a decisão sobre permanecer ou deixar o governo. Petrobras PN declinava 0,59% e Vale PNA cedia 2,48%.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar