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Sinais de ajuste de custos na indústria

Veículo: Valor Econômico. 

Seção: Valor Investe 

A desvalorização do real e a redução dos custos tributários no ano passado não foram suficientes para compensar as dificuldades provocadas pela recessão e a indústria perdeu margem de lucro em 2015, segundo dados da pesquisa de custos industriais divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 2015, os custos industriais subiram 8,1%, mas os preços do setor aumentaram 7%. Essa pode ser considerada uma pequena “contribuição “ do setor ao ajuste pelo qual passa a economia. 

Desde 2006, essa foi a única queda de margem de lucro significativa do setor, segundo a pesquisa da CNI. Em 2013 e 2014, por exemplo, os preços subiram 1,9 ponto e 0,9 ponto acima dos custos, respectivamente, garantindo a margem do setor quando se pensa em custo e preço (a queda no volume, que foi onde o calo apertou para todos no ano passado, não é considerada nessa equação). 

A notícia ruim de queda na margem de lucro, contudo, embute um bom sinal para o futuro. A conta da CNI já incorporou ao custo de produção um aumento de 34% nos insumos importados e de 39% na energia no ano passado. Se isso também tiver ocorrido na prática, não há pressões adicionais expressivas de câmbio e de custo de energia a serem incorporados aos preços do setor em 2016, se o câmbio ficar perto de onde esteve nesse primeiro trimestre (média um pouco abaixo de R$ 3,9). Isso pode ser bom para o controle da inflação. 

A pesquisa mostra, ainda, que o setor tem um bom espaço para recuperar o mercado perdido para os produtos ‘made in” nos últimos anos. Desde o último trimestre de 2014 a indústria mantém preços inferiores aos dos produtos importados. E a diferença é crescente. A pesquisa da CNI considera o ano de 2006 como base 100, tanto para os preços domésticos como para os importados. De acordo com ela, entre 2010 e o fim de 2012, os preços dos manufaturados importados foram mais baratos que os nacionais, quando convertidos em reais. Depois, eles andaram juntos por muitos trimestres. Na virada de 2014 para 2015, os importados já ficaram mais caros.

Trimestralmente, a mudança começou no fim de 2014, mas ela se consolidou ao longo do ano passado. Na comparação anual, enquanto os bens domésticos ficaram 7% mais caros em 2015, os manufaturados importados passaram a custar 30,5% mais em reais em relação a 2014. 

 



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