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No varejo de moda, quem perde e quem ganha

Veículo: Valor Econômico

Seção: Empresas 

Um levantamento realizado pela consultoria Sonne, a pedido do Valor, revelou que entre as maiores varejistas de moda feminina, as redes Marisa e Riachuelo perderam participação de mercado em 2015, enquanto C&A, a líder do setor, e Renner tiveram ganho. A Pernambucanas manteve sua fatia em relação a 2014.

Juntas, as cinco companhias responderam por 24,7% do varejo de vestuário feminino no ano passado, equivalente a 0,7 ponto abaixo da participação em 2014. 

"O mercado de moda ainda é muito pulverizado. Existe espaço para as grandes redes ocuparem, deixados por empresas menores que estão em dificuldades. Mas, por enquanto, elas ainda não conseguiram fazer isso", disse Maximiliano Bavaresco, sócio­fundador da Sonne. A médio prazo, segundo o analista, mantém­se a expectativa de que empresas com marcas tradicionais e caixa fortalecido ganhem a participação de mercado que concorrentes de pequeno e médio porte perderem.

Mesmo entre as maiores empresas do setor, o desempenho foi diversificado em 2015, com alguns grupos mais influenciados pelo aprofundamento da recessão econômica, que afetou o consumo de bens não duráveis, como alimentos, calçados e vestuário. 

A Renner apresentou melhor desempenho, com ganho de participação de mercado de 0,6 ponto percentual, chegando a 5,8%. Laurence Gomes, diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, disse que o ganho está relacionado ao acerto de coleções e a iniciativas para melhorar a competitividade da companhia. As mudanças incluíram reforma de lojas e melhorias na logística e no sistema de pagamentos, para tornar o atendimento mais rápido. 

"Além desses aprimoramentos, houve evolução nos produtos, mantendo o posicionamento de mercado", disse Gomes. Está previsto ainda para este ano uma operação nova no centro de distribuição, com separação de produtos por peças. A expectativa, segundo Gomes, é melhorar a reposição de estoques nas lojas e reduzir as remarcações de preços nas unidades, por excesso de estoque. 

A C&A, por sua vez, manteve a liderança do segmento de varejo de moda feminina, mas teve um incremento menor de participação de mercado, de 0,1 ponto percentual em 2015, para 6,3%. O pequeno ganho ­ que mostra certa estabilidade em relação a 2014 ­ é associado ao lançamento do site de comércio eletrônico, que permitiu à rede atender cidades onde ainda não tinha lojas. A C&A está presente em 128 localidade e, com a loja virtual, passou a vender produtos para mais de 4 mil cidades.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a C&A abriu lojas com conceito de butique e investiu no lançamento de minicoleções com estilistas renomados para atrair consumidores. Essas coleções são vendidas 50% mais rapidamente que as linhas tradicionais da varejista.

Para Bavaresco, da Sonne, a diferença no desempenho das empresas se deve à gestão de cada uma, levando em consideração a escolha do perfil de consumidor­alvo e a localização das lojas, entre outros fatores. A Renner, por exemplo, tem 93% das lojas concentradas em shopping centers que, apesar de terem apresentado queda no tráfego de pessoas em 2015, ainda tiveram mais fluxo de consumidores que as lojas de rua. A C&A tem 84% das lojas em shopping centers e a Riachuelo, 82%. 

A Riachuelo, terceira colocada em participação, perdeu 0,1 ponto percentual do mercado no ano passado, baixando para 5,5%. A varejista entrou 2015 com estoques elevados devido a erros na coleção do ano anterior e enfrentou dificuldades ao longo do ano para reduzir estoques. A companhia também passou a vender celulares nas lojas, em um ano ruim para o mercado de smartphones. "A Riachuelo adotou táticas diferentes, que produziram um efeito negativo no período", disse Bavaresco.

A Marisa foi a que mais perdeu espaço em 2015, chegando a 4,7% de participação de mercado ­ o pior resultado da década ­, com perda de 1,3 ponto percentual. Para o analista, a empresa sofreu mais pela sua maior exposição junto aos consumidores de baixa renda ­ os mais impactados pela crise. Outro fator que contribuiu para uma deterioração no resultado foi a distribuição das lojas. Metade das unidades fica fora de shopping centers. Nas ruas, as lojas sofrem mais de perto a competição com o varejo informal. 

A Pernambucanas manteve a participação estável em 2,4%. A companhia se esforçou em 2015 para ampliar as vendas na área de moda e reduzir a participação em produtos de cama, mesa e banho, e eletrodomésticos. Na opinião de Bavaresco, a participação maior dessas linhas na operação da Pernambucanas contribuiu para um resultado mais fraco em comparação às outras concorrentes, que são bastante concentradas em vestuário e acessórios.

De acordo com a pesquisa, o varejo de vestuário feminino movimentou R$ 42,38 bilhões no ano passado, alta de 1,8% em comparação a 2014. Em volume, houve queda no número de peças de 0,4%, para 1,17 bilhão de unidades. Para o período de 2016 a 2020, a projeção é de que o segmento tenha crescimento médio de 6% ao ano, chegando ao fim da década com um volume de vendas de 1,27 bilhão de peças e receita de vendas de R$ 56,18 bilhões. 

O analista estima que nos próximos anos a Renner e a Riachuelo terão mais condições de ganhar participação de mercado, considerando a taxa média de crescimento das vendas no período de 2011 a 2015. A Renner apresentou um crescimento médio anual de 7,2% e a Riachuelo, de 5,7%. A C&A apresentou um incremento médio anual de 0,4%. A Pernambucanas, por sua vez, registrou, na média, uma queda anual em vendas de 1%. A Marisa teve o pior desempenho, com queda de 2,5% ao ano nas vendas, em média.



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