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Para analistas, alimentos e tarifas puxam alta de prévia do IPCA

Veículo: Valor Econômico. 

Seção: Notícias. 

Puxada por preços ainda em alta de alimentos, reajustes sazonais de educação e de tarifas administradas, a inflação não deve ter dado trégua na primeira quinzena deste mês. Segundo a estimativa média de 19 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA­ 15) aumentou de 0,92% em janeiro para 1,28% em fevereiro, taxa ligeiramente maior que a registrada no fechamento do mês passado (1,27%). 

As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de alta de 0,96% até 1,38%. Na medida acumulada em 12 meses, a expectativa é que o IPCA­15 ceda bem pouco, para 10,68%, vindo de 10,74% no mês anterior.

Mariana Orsini, economista da GO Associados, afirma que a variação de 1,29% prevista para a prévia de fevereiro é elevada para o período. Em seus cálculos, o principal grupo responsável pela aceleração do IPCA­15 é o de alimentação e bebidas, que, ao avançar 2%, adicionou 0,5 ponto percentual ao indicador. "Ainda veremos pressões de alimentos in natura e da parte de alimentação fora do domicílio", diz. 

Segundo Mariana, o clima extremamente chuvoso nas regiões Sul e Sudeste causado pelo fenômeno climático "El Niño" seguiu prejudicando a produção de itens in natura. Em sua avaliação, a inflação de alimentos e bebidas deve ficar mais moderada somente a partir do fim de março, quando o volume de chuvas já terá diminuído. A tendência é que os preços de refeições fora de casa também desacelerem após o setor repassar aumentos de custos, acrescenta ela, tendo em vista a fraqueza da demanda. 

Além da parte de alimentação, o Bank of America Merrill Lynch (BofA), que trabalha com alta de 1,32% para o IPCA­15 deste mês, menciona as correções recentes de transporte público e no segmento de educação como outros vetores de aceleração. Nos índices semanais de preços calculados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), de São Paulo, e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o grupo educação subiu 5,08% e 7,62% no fechamento de janeiro, respectivamente. Nos indicadores do IBGE, os aumentos de mensalidades escolares são captados somente no mês seguinte.

Mariana, da GO, calcula que a inflação de 6% estimada para o grupo educação no IPCA­15 teve impacto de 0,27 ponto no índice de fevereiro. Em igual período do ano passado, o aumento foi praticamente igual, de 5,98%. "Apesar da inflação do ano passado ter sido muito mais forte, a economia está muito fraca", comenta o economista, o que, em sua avaliação, segurou reajustes em alguns cursos regulares, como os de pós­graduação, por exemplo.

Nos transportes, a economista prevê aceleração de 0,87% para 1,1% entre janeiro e fevereiro, ainda influenciada por reajustes das tarifas dos ônibus urbanos e intermunicipais e por alta maior do etanol, que deve ter avançado 3% no mês atual. Para Mariana, setor sucroalcooleiro pode estar aproveitando os preços mais altos da gasolina para recompor margens.

A Rosenberg Associados também cita o aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina em alguns Estados como outra fonte de pressão sobre a inflação de transportes. Nas estimativas da consultoria, O IPCA­15 ficou em 1,31% neste mês. 

Na contramão dos grupos com maior peso no indicador, os artigos de vestuário devem ter recuado 0,4% em fevereiro, refletindo as liquidações sazonais do período, estima Mariana. A economista pondera, no entanto, que, em igual mês de 2015, essa deflação foi mais intensa, de 0,89%. "O setor está enfrentando aumentos de custos por causa do dólar."


 



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