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"Petróleo e as incertezas sobre a demanda de algodão". Será que as fibras sintéticas vão dominar o mercado?

Veículo: Correio do Estado 

Seção: Notícias

As fibras sintéticas, derivadas de petróleo, têm capturado grande parte do crescimento do mercado têxtil nos últimos anos em detrimento da fibra natural e, por conseguinte, do algodão. Mais recentemente, esse movimento se acelerou na esteira da queda das cotações do petróleo, reduzindo ainda mais a importância do algodão na demanda global. 

Diante disso, mesmo com a redução da oferta de algodão nos últimos anos, os estoques de fibra natural se elevaram e seguraram os preços internacionais. Agora que o mercado já antecipava o início da redução dos estoques na safra 15/16, sugerindo recuperações de preços, a queda da cotação do petróleo e a perspectiva de que seguirá flutuando em patamares baixos no curto/médio prazo podem minimizar essa tendência.

Os preços internacionais do petróleo influenciam de maneira relevante as cotações das fibras sintéticas no mercado internacional. Estimativas do Itaú BBA, usando preços mensais do petróleo brent e do índice de fibras sintéticas PCI, revelam que uma variação de 10% na cotação do petróleo causa, na média, uma variação no mesmo sentido de 3,7% na cotação da fibra sintética. Isso indica que preços mais deprimidos do petróleo podem ser repassados para os preços das fibras sintéticas e, consequentemente, reduzir a competitividade relativa da fibra de algodão (efeito substituição), impactando a demanda pelo produto. 

Além do efeito preço, que possui um impacto conjuntural sobre a demanda do algodão, é importante mencionar também que a aceleração da tendência estrutural dos consumidores em buscar produtos com características que não são oferecidas pela fibra natural é outro elemento que reduz o espaço para o avanço do consumo da fibra.  Este é o caso, por exemplo, dos tecidos inteligentes. Embora ainda não sejam tão relevantes do ponto de vista do mercado total, a aceleração da demanda por tais produtos – cuja matéria-prima para a produção é a fibra química (sintéticas e artificial) – pode encurtar o espaço para o acréscimo futuro do consumo da fibra de algodão.

Diante desse cenário, o tão esperado deficit global no mercado de algodão, após quatro anos de superavit, pode ser atenuado por um aumento menos expressivo da demanda, o que postergaria ainda mais a recuperação das cotações. Esse elemento de incerteza, relacionado ao efeito substituição das fibras naturais pelas fibras sintéticas, ressalta ainda mais a importância de fixar preços quando boas oportunidades surgirem.

O petróleo mostra fraqueza no curto prazo, mas indica recuperação a partir da metade de 2016.
Os preços do petróleo continuaram a recuar desde o fim de novembro, com o brent e o WTI atingindo US$ 30 por barril. Esses preços estão abaixo das mínimas atingidas no auge da crise do subprime em 2008/2009.
O excesso de oferta continua afetando os preços. Com a alta da oferta da Opep em relação ao ano passado e a estabilidade do agregado ex-Opep, o mercado segue desequilibrado, com estoques elevados. 

Revisamos a projeção de preços médios do petróleo do tipo brent, no primeiro semestre de 2016, de US$ 44 para US$ 37 por barril. O arrefecimento da preocupação com a China é capaz de ajudar a recuperação dos preços para US$ 35, mas, enquanto o acúmulo de estoques persistir, será difícil uma alta relevante nos preços.
Apesar dos preços ainda mais baixos no curto prazo, mantemos a projeção em US$ 55 por barril ao fim de 2016. Nosso cenário baseia-se na avaliação de que os preços dos últimos 18 meses estão reduzindo.



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