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Gráficas advertem sobre reajuste de 24%

Veículo: Valor

Seção: Economia

Em carta encaminhada aos dirigentes da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e da Associação Nacional dos Distribuidores de Papel (Andipa), o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) Nacional, Levi Ceregato, advertiu sobre os impactos negativos que o aumento de cerca de 24% nos preços do papel terão no mercado brasileiro, com reflexo direto no bolso do consumidor. "Os principais prejudicados serão os consumidores e a sociedade, pois o impacto será direto nos preços de itens fundamentais, como livros, revistas e embalagens de papelcartão, amplamente utilizadas em medicamentos e alimentos", diz.

Em novembro, a Suzano Papel e Celulose, uma das maiores empresas do setor, anunciou reajustes a partir de 1º de fevereiro, de 24,3% para o papel de imprimir e escrever cortado (cut size) e de 23,8% para a linha off set. À época, o diretor da unidade de negócios de papel e celulose, Carlos Aníbal, afirmou que o papel­cartão da Suzano também ficaria mais caro, embora o percentual ainda estivesse em análise.

O executivo justificou que "as variáveis de mercado suportam amplamente um aumento dessa magnitude", considerando­se câmbio, evolução dos preços domésticos e das cotações internacionais. "Temos hoje parte expressiva de volume com rentabilidade na exportação maior do que no mercado doméstico e entendemos que essa lógica não faz muito sentido. Então, devemos ter preços no mercado doméstico que sejam compatíveis com o mercado internacional", defendeu Aníbal. Para o presidente da Abigraf Nacional, o reajuste se soma a aumento de preços de cerca de 12% no ano passado, o que torna "demasiadamente oneroso o custo produtivo da indústria gráfica, num momento de recessão econômica e retração dos mercados". "É preciso considerar, ainda, que se mantém o imposto de importação e o dólar elevado dificulta as compras externas do insumo. Nesse contexto, as gráficas ficam sem alternativas para buscar matéria­prima a preços capazes de impedir o reajuste dos impressos, em prejuízo da sociedade", afirmou.

Ainda no mercado de papel, após quase um ano de investigações, a Comissão Internacional de Comércio (ITC, na sigla em inglês), órgão responsável por apurar se determinadas importações causam dano ao mercado dos Estados Unidos, decidiu pela aplicação de tarifa antidumping para o papel não revestido cortado importado do Brasil, da Austrália, da China, da Indonésia e de Portugal e comercializado nos Estados Unidos. Para a Suzano, que é afetada pela medida, a taxa foi fixada 22,16%. Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que a decisão da ITC "não altera o cenário atual". "A Suzano continuará com as suas exportações para os EUA, recolhendo a taxação", informou.

O antidumping foi estabelecido em agosto de 2015 em decisão preliminar do Departamento de Comércio dos Estados Unidos. Na ocasião, porém, a tarifa recomendada era de 33,09%. No mês passado, o órgão americano reduziu essa tarifa para 22,16% e limitou sua aplicação "exclusivamente ao papel não revestido cortado (folio e cut size)". A taxa passaria a valer a partir da decisão final do caso pela ITC, que acaba de ser proferida. Na nota, a Suzano reitera que "será capaz de comprovar ao longo da próxima revisão a inexistência de dumping do seu papel não revestido cortado destinado aos EUA, situação em que reaverá os valores até então recolhidos". No terceiro trimestre de 2015, suas vendas de papel totalizaram 335 mil toneladas, das quais 113 mil toneladas exportadas. Do volume total, o mercado doméstico absorveu 66%, a América do Sul e Central, 16%, e América do Norte, 8%.

A americana International Paper, que também fabrica papel no país, informou que as exportações da subsidiária aos EUA são quase que integralmente "re­exportadas para clientes no Caribe e América Central". "Dessa forma, o anúncio sobre as sobretaxas terá pouco ou nenhum impacto na IP Brasil".



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