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Queda do dólar pode pressionar Banco Central a cortar taxa de juros

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Mercado

A ordem no governo Dilma Rousseff é ficar de "olho" na cotação do dólar. Apesar da alta desta quarta-feira (10), há a avaliação de que a moeda norte-americana pode seguir uma tendência de desvalorização, como a ocorrida na semana passada, abrindo espaço para uma queda mais rápida da inflação.

Caso esse cenário se confirme, a equipe econômica prevê que o Banco Central passará a sofrer pressões para cortar a taxa de juros ainda neste semestre. Terá, porém, de evitar que o dólar caia abaixo de R$ 3,70, o que prejudicaria as exportações.

Assessores da área econômica não descartam que a moeda americana siga em queda diante da piora da economia mundial, agitada nos últimos dias por rumores de dificuldades financeiras em bancos europeus.

Além disso, destacam técnicos, o mundo, em vez de voltar a crescer e encerrar um período de política monetária mais frouxa como era previsto no final do ano passado, pode seguir convivendo em 2016 com juros muito baixos em vários países.

Há ainda o risco de que os EUA, para evitar um crescimento muito fraco neste ano, deixem de lado suas ameaças de seguir subindo os juros, como começaram a fazer no fim de 2015.

Esse cenário, alertam assessores, ainda não se confirmou totalmente, não sendo possível garantir que o dólar vá recuar abaixo de R$ 3,90 (a moeda à vista fechou nesta quarta a R$ 3,93). Mas a possibilidade existe e os ingredientes para que ocorra estão no horizonte, o que seria benigno para o combate à inflação brasileira.

A avaliação dentro da equipe econômica é que, se o dólar de fato recuar, aumentará a pressão para que o BC corte a taxa de juros, hoje de 14,25% ao ano, diante de previsões que já apontam o risco de uma retração econômica de 4% em 2016.

Para manter a moeda americana num patamar próximo de R$ 3,70, o BC pode rever sua estratégia de renovação dos contratos dos chamados swaps cambiais (que equivale a venda futura de dólar), deixando de repactuá-los integralmente.

Hoje, porém, a equipe econômica não enxerga espaço para um corte nos juros nas próximas reuniões do Copom, porque as expectativas para a inflação pioraram depois que o BC decidiu manter inalterada a taxa de juros em janeiro.

A pesquisa da instituição com analistas de mercado, o chamado boletim Focus, mostrou que a previsão para a inflação neste ano subiu de 7,26% para 7,56%. E a de 2017 passou de 5,80% para 6%.

A meta do BC é tentar evitar que a inflação supere o teto da meta neste ano, de 6,5%, e fique no centro no próximo, 4,5%. Ou seja, pelas previsões do mercado, o banco não conseguirá cumprir seus objetivos. 



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