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Dilma segura boa nova, mas bandeira amarela e dólar chamam juro menor

Veículo: Valor Investe

Seção: Economia

A presidente Dilma Rousseff, em rede nacional ontem à noite, conclamou os brasileiros para um mutirão contra o vírus zika. Dilma não escapou de um panelaço um tanto acanhado nas principais cidades do país. Conta ponto a favor da presidente, o bom senso de não ter anunciado, para os mesmos brasileiros, que a conta de luz vai ficar mais barata. A consequência do satisfeito anúncio de redução da conta de luz feito por ela no início de 2013 demorou a chegar, mas chegou: um aumento de 50% no custo da energia elétrica no ano passado.

O alinhamento do custo da energia elétrica __ combinado a reajustes de outros preços administrados __ foi decisivo para instalar a inflação brasileira em dois dígitos. Ontem, a a bola ficou com o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, e a presidente estaria resguardada de maiores críticas se a Câmara não tivesse rejeitado o destaque do PT para aumentar o IR sobre ganhos de capital de pessoa física e aprovado uma alternativa mais branda proposta pela comissão que estudou o assunto.

A troca da bandeira tarifária vermelha pela bandeira amarela _ a partir de 1º de março _ deve baixar a conta de luz em 3%. Modesta ou não, essa redução de preço combinada à expressiva apreciação do real frente ao dólar conspira a favor de expectativas melhores (ou menores) para a inflação. A alta do dólar no ano passado, superior a 40%, também tem seu lugar entre os fatores de pressão inflacionária de 2015. José de Castro, especialista em câmbio e juro do Valor PRO, relata que a queda acelerada do dólar nesta manhã __ ao patamar de R$ 3,85, o menor desde dezembro__ reflete a baixa acentuada do dólar reflete o rompimento de uma série de suportes técnicos.

Rompimento que pode ser visto praticamente como um adendo técnico a outras duas razões que vêm explicando o tombo da moeda americana nos últimos dias: o comportamento do dólar no mercado internacional e os rumores sobre intervenções de instituições públicas neste mercado. Deve­se considerar que a aproximação do carnaval pode contribuir para distorções na precificação da taxa de câmbio __ uma vez que o mercado local encerrará as operações amanhã à tarde e voltará aos negócios apenas na quarta de Cinzas à tarde __, mas não se deve desprezar o movimento conjunto (e para baixo) de câmbio e juro. Imprimir () Casa das Caldeiras Os dois ativos, que também são preços fundamentais da economia, embicaram de vez com a circulação de informações de que o Banco Central do Brasil estaria sendo pressionado para rever sua política de juros, travada na Selic a 14,25% ao ano a quatro reuniões do Copom ou há sete meses que serão oito até o início de março, quando o comitê tem o segundo encontro de 2016 para discutir política monetária.

Em meio a muito diz­que­diz sobre atuação de estatais no câmbio e ao fortalecimento do discurso pela queda da taxa básica, Ontem o mercado futuro de juros fechou, na BM&FBovespa, confirmando a terceira sessão consecutiva com uma equilibrada probabilidade de a Selic ser elevada em 25 pontos­base em março ou não sair do lugar. Dados da Quantitas Gestão de Recursos mostram que na segunda­feira, dia 1º, havia 52% de chance de a Selic subir 25 pontos e 48% de permanecer inalterada. No dia 2, o placar ficou em 53% por 25 pontos a 47% zero ajuste. E, ontem, dia 3, a probabilidade era de 51% para aumento de 25 pontos e 49% para ajuste zero. Por ora temos, portanto, o seguinte quadro: muito falatório indicando queda iminente da Selic, mas as apostas a dinheiro, para valer, carregam um prêmio para compensar eventual erro de projeção.



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