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Fundadores da Seller pedem a falência da Lojas Leader, do BTG

Veículo: Valor Econômico

Seção: Empresas 

A família Furlan, fundadora da rede Seller, entrou com pedido de falência contra a Lojas Leader na comarca de Niterói (RJ) na noite de quarta­feira, segundo informou ontem o Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor. A ação se refere ao atraso no pagamento de parcela relacionada com a venda da Seller para a Leader, que venceu em 21 de dezembro. O valor da dívida protestada é de R$ 6,4 milhões. 

Controlador da empresa, o BTG Pactual deve pedir, nos próximos dias, a suspensão do processo por meio de liminar, segundo fontes do setor. 

O pedido informa que a cláusula do aditivo de acordo estipula o pagamento da segunda parcela relativa à venda da Seller, com obrigações mensais que se iniciaram em novembro de 2015 e terminam em maio de 2016. A ação ainda informa que, por conta do atraso no pagamento em dezembro, houve o vencimento antecipado do saldo da dívida de R$ 150 milhões, mas o protesto se deu apenas com relação à segunda parcela. 

O BTG informa que, em 21 de dezembro, notificou os vendedores das empresas Seller das "inúmeras desconformidades identificadas referentes à situação patrimonial e contábil das empresas Seller as quais, conforme previsão contratual, são passíveis de ajustes e retenções". 

"Dessa forma, os valores pleiteados pelos vendedores não são devidos", completa. A nota informa ainda que a companhia "não foi notificada da ação mencionada". O Valor apurou que esses ajustes nos valores devidos foram tratados em conversas entre o banco e a família no fim do ano passado. 

O BTG pode pedir a suspensão do processo por meio de liminar informando que o contrato entre as partes contém cláusula que obriga as partes submeterem litígios à uma câmara arbitral. Caso o faça, o credor pode alegar que execuções e falências não cabem análise de câmaras arbitrais. 

A Leader registrava dívidas de pouco mais de R$ 800 milhões ao fim do terceiro trimestre de 2015, além dos R$ 150 milhões devidos à Seller, para um caixa que somava em setembro cerca de R$ 50 milhões e uma soma de estoques de R$ 225 milhões.

A parcela prevista para dezembro de 2015, ainda segundo os Furlan, venceu em 21 de dezembro, "sem que tenha havido qualquer pagamento pela Leader", informa o documento encaminhado à comarca. Em 22 de dezembro, os requerentes notificaram a empresa sobre o vencimento, sem retorno, e uma semana depois, o protesto foi distribuído ao 19° Tabelião de Protestos de Niterói. A Leader foi intimada em 30 de dezembro, com prazo de três dias úteis para pagar. Como não ocorreu, o título foi protestado em 6 de janeiro e a empresa, agora, pede a falência. 

O BTG e os Furlan estiveram em conversas nesta semana para buscar um acordo, mas não houve avanços. Controladores da Seller sugeriram a devolução da rede aos fundadores, incluindo as lojas e um pagamento, segundo fontes. O BTG foi contra a proposta. 

A Seller foi criada em 1995 e reúne cerca de 60 lojas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, com foco na área de cama, mesa e banho. 

O pedido de falência acontece num momento difícil para a Leader, uma vez que a companhia precisa de uma capitalização a curto prazo por parte de seus sócios ­ BTG e família Gouvêa, fundadora da Leader. Os Gouvêa já informaram ao banco que não deverão acompanhar uma possível capitalização e se ela ocorrer, serão diluídos. 

O BTG vive um momento de crise de liquidez e negocia vários de seus ativos. A empresa ainda precisa, ao mesmo tempo, acertar o vácuo no comando da Leader, desde a saída da atual equipe. Alexandre Vasconcellos, presidente da rede, deve deixar a empresa nas próximas semanas após a saída da consultoria Eneas Pestana & Associados, que encerrou seu contrato com a varejista em dezembro. Vasconcellos foi trazido pela Pestana & Associados. 

O controlador da Leader tem buscado uma saída rápida que pode envolver a venda de fatia ou totalidade da empresa para um novo sócio ou outra empresa e entrada de nova equipe de gestão. Um caminho pode ser a contratação da consultoria Alvarez & Marsal e a entrada do advogado Fabio Carvalho como sócio, como havia informado o Valor na semana passada. 

 



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