Notícias

Para analistas, comércio recua no início do trimestre

Veículo: Valor

Seção: Economia

Mesmo com desempenho positivo das vendas de supermercados no período, economistas avaliam que a atividade do comércio seguiu em queda no início do quarto trimestre. A estimativa média de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que o volume de vendas no varejo restrito, que não inclui automóveis e material de construção, diminuiu 1,1% entre setembro e outubro, feitos os ajustes sazonais, em sua nona retração consecutiva.

As projeções para a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de recuo de 0,2% até contração de 2,2%. Para o varejo ampliado ­ que considera, além dos oito segmentos pesquisados no comércio restrito, os de veículos e material de construção ­, 14 economistas preveem tombo maior no mês, de 1,7%. Segundo Leandro Padulla, da MCM Consultores, o varejo restrito caiu 0,8% na passagem mensal.

A partir de dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Padulla calcula que as vendas do setor cresceram 1% em outubro, na comparação dessazonalizada com o mês anterior, mas ele avalia que a alta não foi suficiente para evitar nova retração do comércio como um todo. "O setor que deve ter puxado o varejo para baixo é o de móveis e eletrodomésticos", diz. Além da confiança das famílias em nível baixo e da retração nas concessões de crédito, Padulla observa que outro fator pode ter influenciado negativamente a comercialização de bens duráveis em outubro: a realização da Black Friday no mês seguinte.

Muitos consumidores podem ter aguardado os descontos de novembro, diz. Entre os bens duráveis, o setor de veículos segue com o pior desempenho. Nos cálculos com ajuste sazonal da MCM com base em números da Fenabrave (entidade que reúne as concessionárias), as vendas de motocicletas, automóveis e comerciais leves encolheram 4% sobre setembro. Por isso, a consultoria projeta que o volume de vendas do varejo ampliado caiu 1,4% de setembro para outubro. A equipe econômica do Bank of America Merrill Lynch (BofA), que trabalha com recuo de 0,9% para as vendas restritas em outubro, faz análise semelhante. Para os economistas do banco, a queda deve ter sido explicada principalmente pelas vendas de eletrodomésticos e também do segmento de tecidos, vestuário e calçados, enquanto o setor de supermercados deve ter subido no mês.

Em relatório, o BofA afirma que as vendas do varejo tendem a continuar mostrando resultados fracos, como reflexo do declínio persistente da confiança do consumidor, do aperto no mercado de crédito e do maior nível de endividamento das famílias. Para Padulla, da MCM, o consumo das famílias deve ter nova retração dentro do PIB no último trimestre do ano, e não há no cenário nenhum gatilho que permita prever alguma recuperação das vendas em 2016. Nas estimativas da consultoria, 2015 vai se encerrar com redução de 4,7% das vendas restritas ­ pior resultado desde 2003 (­3,7%), enquanto o varejo ampliado deve recuar 11% no ano.

A variação das vendas em outubro deve confirmar a projeção de que o PIB vai cair 3,8% neste ano, na avaliação de Eduardo Velho, economista­chefe da INVX Global Partners. Segundo Velho, os modelos apontam que o ritmo de queda do varejo desacelerou no mês, mas o viés para o setor segue negativo.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar