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Dólar recua 1,8% com cenário político

Veículo: Valor

Seção: Economia

A percepção de que a oposição tem ganhado força no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff animou os mercados ontem. Dólar e juros fecharam em queda ontem reagindo ao cenário político local. A moeda americana caiu 1,81%, encerrando a R$ 3,7416. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 caiu de 15,78% para 15,69% na BM&F, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou de 15,77% para 15,63%.

A vitória da chapa da oposição para a comissão que analisará o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na quarta­feira, sinalizou que o governo terá maior dificuldade para barrar o andamento na Câmara. Apesar de o processo ter sido suspenso por uma decisão liminar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), até ser definido como será o rito, a leitura do mercado é que o adiamento acabou sendo favorável à oposição, que quer mais tempo para angariar apoio ao impedimento da presidente. "Os investidores estavam esperando um cenário muito pessimista e agora estão reduzindo a posição na moeda americana, apostando no aumento da chance de impeachment da presidente Dilma", afirma um gestor local. Para esse gestor, contudo, ainda não é um cenário em que os investidores estrangeiros devem aumentar as alocações no mercado local, uma vez que esse processo deve ser longo e permeado de incertezas.

De acordo com dados do Banco Central divulgados ontem, o fluxo cambial está positivo em US$ 339 milhões em dezembro, até o dia 4, resultado de uma entrada líquida de US$ 1,560 bilhão na conta comercial e de um déficit de US$ 1,222 bilhão na conta financeira. No ano, o saldo está positivo em US$ 11,899 bilhões. A menor aversão a risco no mercado interno contribuiu para o recuo dos prêmios na parte mais longa da curva de juros. Já na parte mais curta da curva, mais influenciada pelas decisões de política monetária, a queda foi limitada pelo dado de inflação de novembro, que veio acima do esperado pelo mercado.

O IPCA subiu 1,01% no mês passado ante alta de 0,82% em outubro, acumulando avanço de 10,84% nos últimos 12 meses. "Temos observado uma piora dos componentes como inércia inflacionária e do repasse da variação do câmbio para a inflação depois de tantos anos do não cumprimento da meta e da piora da parte fiscal, que é essencial para garantir a ancoragem da inflação", afirma Zeina Latif, economista­chefe da XP Investimentos. A economista vê a inflação ainda pressionada no ano que vem apesar da piora da perspectiva para o crescimento econômico. "A gente pode ter dor de cabeça ano que vem, porque não se sabe a magnitude disso", diz. Para Zeina, a incerteza no cenário político afeta os investimentos, mas também pode voltar a pressionar o câmbio, afetando a inflação.

Por enquanto, o Banco Central segue com as atuações no câmbio e oferta hoje mais US$ 500 milhões em linha de dólar com compromisso de recompra, além de renovar 11.260 contratos de swap cambial.



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