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Outlets crescem no Brasil mesmo na crise

Veículo: R7

Seção: Notícias

QUATRO GRANDES EMPREENDIMENTOS ESTÃO PREVISTOS PARA SER INAUGURADOS NO ANO QUE VEM

O número de pessoas que frequentam os tradicionais shoppings centers brasileiros vem caindo desde agosto. Segundo dados do Ibope, outubro teve movimento 2,7% menor do que no mesmo mês de 2014. Por outro lado, um tipo de centro de compras tem registrado bom desempenho durante a crise. São os outlet centers, cujo faturamento cresceu, sem descontar a inflação, 20% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2014. Os dados são da consultoria About. Descontada a inflação do período (7,64%), o crescimento foi de 11,48%.

As vendas em todo o comércio brasileiro caíram 3,3% nos nove primeiros meses de 2015, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O Brasil tem hoje nove shoppings que se encaixam nesse modelo de outlet center. São empreendimentos de grande porte, com lojas de marcas nacionais e internacionais, que vendem a maioria dos produtos de coleções passadas.

Um dos mais recentes é o Catarina Fashion Outlet, inaugurado em outubro do ano passado na rodovia Castello Branco, em São Roque (SP). Em menos de 12 meses, o shopping recebeu uma expansão, com mais 16 lojas — o total passa de cem. O superintendente da unidade, Jorge Pauli Niubo, comemora o crescimento rápido. “Nas últimas apurações, que fizemos em setembro, já tínhamos batido a marca de 2 milhões de pessoas no primeiro ano. Nosso crescimento, em termos de vendas brutas, foi 30% melhor em outubro, em comparação com o mês da inauguração. Devemos fechar 2015 com números muito melhores do que se esperava”, afirma.

Executivos do setor apontam como motivo para isso a crise na economia. De acordo com um estudo da consultoria About, “as classes emergentes sofisticaram seus hábitos de consumo e os outlet centers são uma porta de entrada e acesso a produtos ‘fashion’. A diminuição do poder de compra [2014, 2015 e 2016] empurrará os consumidores habituados às ‘boas marcas’ para o ambiente dos outlet centers”.

André Costa, sócio-fundador da About, diz que os preços praticados nos outlets, em comparação com os shoppings convencionais, são o principal motivo desse crescimento. “Como o outlet oferece produtos de marcas desejadas com desconto muito grande, a tendência natural é que essas pessoas busquem esse canal para aquisição de produtos de moda em geral. Isso não é um achismo, é um resultado histórico. Nos Estados Unidos, por exemplo, na crise de 2008, aconteceu a mesma coisa. Os outlets explodiram de vender, enquanto os shoppings centers convencionais até pararam de ser construídos”, diz.

A General Shopping Brasil, dona dos empreendimentos Outlet Premium em São Paulo, Brasília, Salvador e do recém-inaugurado no Rio de Janeiro, faz uma auditoria permanente nos produtos para garantir descontos aos clientes. A média é de preços 55% mais baratos do que nos shoppings tradicionais. O diretor-presidente da General Shopping, Alexandre Dias, destaca que o cliente de outlet gasta mais. “O consumidor que vai ao outlet faz uma compra planejada, então, ele vai durante um feriado de meio de semana, por exemplo. Se fizer um comparativo de um shopping tradicional para um outlet, o tíquete-médio do outlet é cinco vezes maior do que de um shopping. As pessoas compram mais produtos”, comenta.

Marcas como Armani, Diesel, Calvin Klein, Lacoste, Nike, Adidas, Puma, Tommy Hilfiger, Levi’s e Forever 21 estão presentes nesse tipo de empreendimento. A maioria delas abre lojas próprias. O Catarina ainda trouxe marcas que abriram suas primeiras unidades de outlet no Brasil, como é o caso da Carolina Herrera, da Michael Kors, da Dolce & Gabbana e da Burberry.

Segundo o sócio da About, as lojas próprias conseguem oferecer descontos maiores do que as franquias. “Quando envolve um intermediário, tem que ter a margem de lucro do franqueado. Sem esse intermediário, a marca vende diretamente para o cliente final e tem a possibilidade de dar descontos mais altos. Com a crise, muitas mercadorias ficam encalhadas. As marcas pegam esse excedente de estoque e jogam direto para o outlet. Regula o estoque”, afirma.

Algumas marcas também produzem itens somente para outlets. No caso da Trousseau (cama, mesa e banho), por exemplo, a fabricação é feita na China. Essa linha mais barata não é encontrada nas demais lojas.

Estrutura

Os outlet centers são projetados para reduzir drasticamente os custos da operação. Segundo André Costa, em um shopping convencional, o lojista gasta mais de 30% do faturamento com o aluguel do espaço físico. Nos outlets, é de cerca de 8%.

O Outlet Premium São Paulo foi o primeiro a ser aberto no Brasil, em 2009, na cidade de Jundiaí (SP). Com 17,716 m² de área bruta locável, o local tem hoje 104 lojas e deve terminar o ano com público em torno de 6 milhões. O presidente da General Shopping destaca algumas características desses empreendimentos que possibilitam descontos aos clientes. “O projeto é em uma região onde é mais barato construir. Por serem shoppings térreos e a céu aberto, não têm custos altos com iluminação, ar-condicionado, elevador, escada rolante, etc. Um empreendimento assim economiza muito e o condomínio chega a ser 70% mais barato do que em um shopping tradicional”, afirma.

Na maioria das vezes, o que interessa para o cliente é o preço. Com gastos elevados de condomínio, os shoppings não possuem margem para baixar demais os valores. Mas quando chegam aos outlets, os produtos precisam ser vendidos lá. Então, há casos de peças que vão baixando de preço conforme ficam encalhadas. Há casos em que os descontos chegam a 80% em relação ao valor praticado na loja de shopping.

Perspectiva

Os números ruins do comércio não mudaram a estratégia da General Shopping. Em outubro, a empresa entregou o Outlet Premium Rio de Janeiro, com área bruta locável de 20.936 m², 92 lojas e 1.200 vagas de estacionamento. Apesar de 2016 prometer ser um ano de economia em recessão, os outlet centers deverão continuar em busca de novos mercados, segundo o executivo da About. Estão previstas inaugurações de empreendimentos em Porto Belo (SC), no Rio de Janeiro, em Campo Grande (MS) e em Recife (PE), totalizando cerca de 70.000 m² de área bruta locável.

 



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