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Empreendedoras investem em tecidos feitos com garrafas pet

Veículo: Revista PEGN

Seção: Banco de Ideias

Com a proposta de empreender na área da sustentabilidade, as amigas Silvia Prado, 43, e Vanda Ferreira, 53, apostaram em um mercado pouco explorado no Brasil: a produção de camisetas e jeans a partir de garrafas PET. Lançada em 2010, a empresa Camiseta Feita de Pet vendeu mais de 15 mil produtos por mês em 2015 e projeta para o ano que vem lançar franquias em diferentes estados do país e na Argentina.

A história da empresa começou com um encontro no salão de beleza. Foi lá que Silvia Prado, empreendedora desde os 20 anos de idade, conheceu a biomédica Vanda Ferreira. Silvia tinha saído frustrada de um negócio e Vanda tinha acabado de receber o dinheiro de uma rescisão. Juntas, decidiram procurar um nicho para empreender.

Em comum, tinham o interesse por projetos sustentáveis. Optaram por investir nas camisetas feitas de PET, um produto que tinha se destacado no radar de Silvia. “Conhecia as camisetas feitas de garrafa PET há pouco tempo e achei marcante. Era algo novo, que ainda estava chegando ao Brasil”, diz.

Batendo cabeça

Vendendo o carro e juntando todas as economias (cerca de R$ 16 mil), as amigas lançaram a empresa Camiseta Feita de Pet, que trabalhava em parceria com uma fábrica na Região Sul do Brasil para a confecção das camisetas.

O início não foi fácil. Segundo Silvia, as empreendedoras “bateram muita cabeça” no começo, gastando dinheiro de maneira equivocada. “Hoje a gente sabe que gastou com coisas desnecessárias. Perdemos muito dinheiro, algo perto dos R$ 150 mil, nos primeiros dois anos”, afirma.

Para entender melhor onde estavam pisando, realizaram cursos e procuraram uma consultoria do Sebrae. “O consultor veio até a empresa, fez um diagnóstico e deu sugestões de controle sustentável, trazendo opções de solução”, diz.

Entendendo o processo

Com mais preparo e investimento, a dupla desenvolveu um método de trabalho mais independente, criando a sua própria fábrica de camisetas – produzidas com 50% de pet reciclado e 50% de algodão.

Depois que o PET é moído e reduzido a pequenos pedaços, ele se transforma em um tipo de fibra – cerca de 20% mais fina que a do algodão. Nesse momento elas são transformadas em fios de poliéster e aí, então, é produzida a malha, combinando 50% de poliéster reciclado com 50% de algodão.

Todo esse processo de reciclagem é realizado por uma empresa parceira da Camisetas Feitas de Pet, que fica responsável pelo desenvolvimento e criação dos produtos finais na sua fábrica na zona leste de São Paulo.

Sustentabilidade empreendedora

Vivendo seu melhor ano, a empreendedora afirma que a empresa deve fechar 2015 com um crescimento de 26%. “Abrimos 16 pontos de revenda em todo o Brasil. Estamos começando a recuperar o investimento que fizemos, cerca de R$ 800 mil”, diz Silvia, que chegou a vender uma propriedade para investir no negócio.

Sem divulgar seu faturamento, ela diz que a empresa vendeu mais de 15 mil camisetas por mês neste ano - com preço médio de R$ 50. Para Silvia, o resultado positivo é fruto de muito trabalho. “Empreender não é só vender camiseta. Se a gente estiver na rua e encontrar um lixo cheio de garrafas, vamos lá pegar e enviar para o nossa fábrica”, afirma.

Agora o próximo passo é tentar atingir ainda mais pessoas no Brasil e no mundo. A Camisetas Feitas de Pet lançará em 2016 seu projeto de franquias, abrindo sua primeira loja internacional, em Buenos Aires, na Argentina. “É um plano antigo. Nosso sonho sempre foi ter 500 lojas, mas sabíamos que não ia dar para cuidar de todas.”

Ainda em fase de definição, Silvia afirma que o investimento de R$ 180 mil resultará em diferentes modelos de franquias. “Vamos até lançar uma loja móvel dentro de uma van. Estamos muito ansiosas”, diz.

Engajamento

Outro objetivo das empreendedoras é transformar a Camisetas Feitas de Pet em uma das dez maiores empresas sustentáveis do país. “As pessoas estão muito mais conscientes. Todo mundo vai ter que passar pelo processo sustentável.” Além da empresa, as empreendedoras também criaram o projeto social “Eu faço a Diferença no Mundo”, que recolhe garrafas em escolas e repassa para as produções de reciclagens. Só em 2014, a ação recolheu mais de dez toneladas de garrafas. “As pessoas começaram a perceber que precisam cuidar do planeta.”



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