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Cenário econômico do Brasil preocupa a novata 'geração Z'

Veículo: Valor

Seção: Economia

Nascidos entre 1996 e 2005, as crianças e os jovens da chamada "geração Z" estão passando por sua primeira crise econômica. Eles têm entre 10 e 19 anos e viveram boa parte da vida em um país com inflação controlada, renda e consumo em alta e desemprego em queda. A estimativa é que 34,9 milhões de brasileiros pertençam a essa faixa etária, o equivalente a 16,7% da população do país, e que tenham um potencial de consumo de US$ 35 bilhões por ano.

À medida que a situação do país se agrava, eles descobrem o que os mais velhos já experimentaram algumas vezes: as preocupações com o presente e as dúvidas sobre como será o seu futuro ­ e eles estão atentos. De acordo com uma pesquisa da agência de publicidade J. Walter Thompson (JWT), 76% dos entrevistados dizem estar preocupados com a economia. É um número maior que o registrado em países como Estados Unidos e Reino Unido, onde a geração Z passa por um momento oposto.

Depois de alguns anos de perspectivas ruins, ela começa a enxergar sinais de melhora e a ganhar confiança no futuro. A pesquisa da JWT foi feita com 1,5 mil jovens de diferentes classes sociais do Brasil, EUA e Reino Unido entre maio e julho. A estudante Gabriela Rossi, de 16 anos, que mora em Paulo de Faria, interior de São Paulo, tem percebido a região perder o vigor de outros tempos e sentiu o aperto em casa no começo do ano. Após quebrar seu celular, ela pediu um novo ao pai, que é caminhoneiro. A resposta inicial foi positiva, mas pouco tempo depois a situação apertou e os planos mudaram. "Também não fiquei pressionando porque gasto muito com os meus estudos", disse a jovem, que presta vestibular para Medicina. Por ter escolhido uma carreira na área de saúde, ela disse estar mais tranquila com relação a conseguir trabalho ao sair da universidade. "Mas tenho amigos com essa preocupação", disse. Para Gabriela, que se diz uma pessoa otimista em relação ao futuro, o país pode sair da crise em até dois anos.

Segundo a JWT, oito entre cada dez jovens brasileiros disseram estar preocupados com a possibilidade de não ter um emprego quando concluírem seus estudos. Para Isabella Mulholland, chefe da área de planejamento da agência, a preocupação com o emprego é um dado curioso. "Apesar de ser avançada em questões como a sexualidade, a geração Z ainda é conservadora na questão do trabalho, preocupando­-se com a estabilidade de ter um emprego", disse. Essa postura é muito diferente da geração anterior, conhecida como Y, ou "Millennials".

Segundo Isabella, ao saírem da universidade com um país em crescimento, os Millennials não estavam tão preocupados em ter uma ocupação. Para eles, ser um empreendedor e criar seu próprio negócio era uma opção viável. Mesmo com uma perspectiva mais negativa para o país, os jovens brasileiros não perdem a confiança no que podem realizar no futuro. Para 86%, eles têm liberdade e condições de vir a ser o que quiserem da vida e outros 75% disseram que serão mais bem­sucedidos que os pais. Mas esse sucesso tem um custo: 78% disseram acreditar que sofrem pressão para isso e outros 73% sofrem com a ansiedade de não conquistar o sucesso.



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