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13º salário vai injetar R$ 173 bi na economia até dezembro, diz Dieese

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Mercado

Pela primeira vez em oito anos, o número de trabalhadores com carteira assinada nos setores público e privado que vai receber o 13º salário será menor.

A queda de 1,9% é apontada em estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que mostra que neste ano são 48,91 milhões os assalariados que vão receber o benefício. Juntos, devem receber R$ 119,9 bilhões.

No ano passado, o total de empregados com carteira que recebeu o salário extra chegou a 49,85 milhões.

"Essa redução é reflexo direto da piora do mercado de trabalho, com a demissão acentuada de trabalhadores com carteira assinada", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.

O pagamento de 13º salário aos brasileiros da ativa e aposentados deve injetar até dezembro R$ 173 bilhões na economia. O valor corresponde a 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) e é 9,5% maior do que o estimado para o ano passado.

A lei prevê que o 13º salário seja pago em até duas parcelas —a primeira até o dia 30 deste mês e a segunda até o dia 20 de dezembro.

O desemprego maior também têm impacto no pagamento do 13º de domésticos e do total de pessoas (inclui ativa e aposentados) que devem receber o benefício, explica Oliveira.

Neste ano, 1,916 milhão de empregados domésticos devem receber o benefício —o valor médio é estimado em R$ 997. No ano passado eram 2,122 milhões, com valor médio de R$ 922,86.

NÚMERO TOTAL

São 84,4 milhões de brasileiros, incluindo trabalhadores do mercado formal (assalariados e domésticos) e aposentados e pensionistas que devem receber o 13 salário neste ano. O número é 0,3% inferior ao calculado no ano passado.

O valor médio pago a esses trabalhadores e aposentados será de R$ 1.924,34 —o montante é 8,5% superior ao benefício pago no ano passado, quando os 84,7 milhões de brasileiros receberam em média R$ 1.773,99.

"Se por um lado há redução no estoque de empregos no setor formal, há um contingente de 900 mil pessoas a mais que passarão a receber o benefício, porque requisitaram sua aposentadoria ou pensão pelo INSS", diz o coordenador do Dieese.

No ano passado, 32,72 milhões de aposentados e pensionistas eram beneficiários do 13º. Neste ano, a estimativa é que cheguem a 33,62 milhões.

Os cálculos do Dieese levam em consideração dados do Ministério do Trabalho (como Rais, Caged), informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), do IBGE, do Ministério da Previdência e da Secretaria Nacional do Tesouro.

POR REGIÃO

A região Sudeste é a que deve concentrar a maior parte dos R$ 173 bilhões que devem ser injetados na economia (51,3%) porque possui a maior parte de trabalhadores, aposentados e pensionistas do país.

Outros 15,6% devem ficar na região Sul e 15,9% na região Nordeste. As regiões Centro-Oeste e Norte devem ficar com 8,6% e 4,9% do valor, respectivamente.

Segundo o estudo do Dieese, o maior valor médio para o 13º salário, levando-se em conta todos os beneficiados (trabalhadores, aposentados e pensionistas), deve ser pago no Distrito Federal: R$ 3.590.

O menor, com valor médio de R$ 1.300, deve ser pago nos Estados do Maranhão e do Piauí.

POR SETOR

Os dados do Dieese mostram ainda que cerca de R$ 119,9 bilhões que serão pagos, até o final do ano, destinam-se a 49 milhões de trabalhadores formais do setor público e privado —excluindo os empregados domésticos.

Desse total, 62,1% ficarão com empregados do setor de serviços (incluindo administração pública). Aos empregados da indústria serão destinados 18,4%.

Os comerciários receberão 13,1% e os trabalhadores da construção civil, 4,5%. Outros 2% serão pagos aos trabalhadores da agropecuária.

O maior valor médio será pago aos trabalhadores do setor de serviços, R$ 2.795,49. O setor industrial aparece com a segunda maior média, R$ 2.569,64.

O menor 13º salário deve ser pago aos trabalhadores do setor primário da economia, R$ 1.497,25 —incluindo agropecuária, extração vegetal, caça e pesca.

MAIOR DIFICULDADE

Reportagem da Folha desta segunda (9) mostrou que a indústria enfrenta mais dificuldade para fazer caixa e pagar o benefício. Com isso, cresce o número de empresas que devem buscar financiamento de bancos para pagar o 13º salário e aumenta o valor do empréstimo que elas pretendem fazer neste ano.

O percentual de indústrias paulistas que informaram que terão de recorrer a terceiros para pagar o benefício aos trabalhadores é de 35% —o maior patamar desde 2009, ano em que a economia sofreu o impacto da crise internacional. Em 2014, quando o setor já enfrentava retração nas vendas, 29% informaram que utilizariam crédito para quitar o salário extra.

Pequenas, médias e grandes indústrias pretendem pegar emprestado, em média, 81,3% de suas folhas de pagamento. É o mais alto patamar dos últimos seis anos, quando atingiu 78,4%.

Com estoques elevados e encomendas sendo feitas com atraso, o percentual de indústria que conseguiu provisionar recursos para pagar o 13º (42,3%) é o menor da série histórica da pesquisa da Fiesp (federação das indústrias paulistas), iniciada em 2008. Foram consultadas, 499 indústrias de todos os portes e segmentos.

CONSUMIDOR

Do lado do consumidor, sete em cada dez brasileiros que vão colocar o 13º no bolso pretendem pagar dívidas ou poupar com o valor da primeira parcela. O dado consta da pesquisa da Associação Comercial de São Paulo, realizada pelo Instituto Ipsos.

Enquanto 70% pretendem dar esse destino aos recursos neste ano, no ano passado eram 49%.

"O consumidor está mais cauteloso, mais racional do que nunca. De um lado teme a perda do emprego, o que o deixa mais inseguro. Do outro, há o impacto da inflação mais elevada pesando no bolso e na renda", diz Emílio Alfieri, economista da associação.

Por essa razão, o consumidor prefere guardar parte do salário extra na poupança para poder complementar a renda. Aqueles que estão endividados preferem quitar as dívidas, explica o economista. 



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