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Apesar do recuo no consumo, empresas investem na produção-Vestuário

Veículo: Valor

Seção: Economia

Ao mesmo tempo em que o setor amarga a retração do consumo doméstico desde o ano passado, parte das indústrias catarinenses de artigos de vestuário decidiu investir para consolidar ou ganhar posições no mercado mais disputado.

Segundo o presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Moda da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), Sérgio Pires, o foco dos projetos está na inovação e qualidade dos produtos e na atualização e expansão do parque fabril. A Ogochi, fabricante de roupas masculinas com sede no município de São Carlos, inaugurou no mês passado a sua sexta unidade, desta vez em Planalto Alegre.

O investimento foi de R$ 1 milhão em recursos próprios e faz parte da estratégia da empresa de ampliar a presença no mercado brasileiro e colocar um pé nas exportações nos próximos anos, a começar pela América do Sul, Portugal e Espanha, diz a diretora administrativa e financeira, Aureane Mignon. “Há um potencial muito grande de crescimento no país”, afirma o presidente da empresa, Sidney Ogochi. “A crise faz uma depuração do mercado, com a retirada de quem não tem eficiência”, acrescenta.

 De acordo com ele, a fabricante inaugurou três unidades industriais em dois anos e em 2015 vai crescer 20% em comparação com a receita líquida de R$ 56,8 milhões apurada em 2014. Com 550 funcionários, incluindo os 70 contratados para a nova planta, a Ogochi já vendeu toda a produção de 1,5 milhão de peças de roupas programada para este ano e para o ano que vem a projeção é fabricar 2 milhões de peças. “Já estamos vendendo o inverno de 2016″, disse Aureane.

Segundo ela, a empresa distribui seus produtos em 2,5 mil lojas multimarcas no país e pretende chegar a 3,5 mil até 2020. A Fakini Malhas, com sede em Pomerode, especializou­se em vestuário infantil e infanto­juvenil e investiu R$ 6 milhões em expansões e modernização de equipamentos desde o início de 2014. Neste período aumentou a capacidade instalada em 25%, para 1 milhão de peças por mês, diz o diretor comercial, Francis Fachini.

“Estamos rodando a 80% da capacidade neste ano”, relata o executivo. Associada ao movimento Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC), a Fakini decidiu acelerar o calendário de lançamentos neste ano e antecipou em 30 a 60 dias os períodos de vendas das coleções para chegar antes dos concorrentes aos 5 mil pontos de vendas multimarcas com os quais trabalha.

A empresa também criou uma coleção intermediária entre as roupas de primavera­verão e alto verão, voltada para o início das férias escolares e para as festas de fim de ano. Conforme Fachini, a empresa de 900 funcionários teve alta de 18% nas vendas no primeiro semestre em comparação com igual período de 2014, por conta principalmente do aumento dos negócios no Nordeste. Para o acumulado do ano ele espera uma expansão menor, de 15%, devido ao cenário mais complicado dos últimos meses. O executivo não revela o valor do faturamento.

As exportações, que até o início dos anos 2000 absorviam 70% da produção, mas se limitavam à venda de peças com etiquetas de terceiros, foram retomadas neste ano com marca própria e devem encerrar 2015 com uma participação de 2% a 3% nas receitas, prevê o diretor. Até 2017, a meta é que elas alcancem pelo menos 5% do faturamento.

Ex ­aluna da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Naly Cabral também participou como estudante do SCMC e depois de formada, em 2013, abriu em Araraquara (SP) a Cycleland, especializada em moda urbana focada nos adeptos do ciclismo. Hoje a empresa continua comprando fios e tecidos de fornecedores catarinenses e produz cem peças por mês, vendidas em lojas multimarcas no Brasil e até por meio de uma loja online na Inglaterra. 



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