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Dólar sobe e Bolsa cai após Brasil perder selo de bom pagador da S&P

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Mercado

O corte da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's e a perda do selo de bom pagador do país levaram o dólar à máxima de R$ 3,908 e fizeram o principal índice da Bolsa brasileira cair mais de 2% nos primeiros minutos de negócios nesta quinta-feira (10).

A reação negativa dos mercados, segundo analistas, reflete a surpresa com o momento da decisão da S&P. A avaliação é que a perda do chamado grau de investimento era esperada apenas para o final do ano ou começo de 2016.

A medida levou o Banco Central a agir para tentar conter a volatilidade do câmbio. A autoridade promoveu um leilão de US$ 1,5 bilhão de linhas de crédito –com isso, o BC injetou dinheiro novo no mercado com compromisso de recompra em janeiro e abril do próximo ano.

Após subir quase 3% no início do dia, o dólar reagiu à intervenção do BC e amenizou a alta sobre o real. Às 12h30 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, avançava 2,06%, para R$ 3,875 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em operações de comércio exterior, subia 2,02%, também para R$ 3,875.

Na Bolsa, o Ibovespa também diminuiu a perda, influenciado pelo avanço dos índices de ações nos Estados Unidos, diante de uma reação dos preços do petróleo. Às 12h30, a desvalorização era de 1,24%, para 46.077 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 2,6 bilhões. Os mercados acionários europeus, porém, operavam no vermelho.

"A reação dos mercados indica que, apesar de amplamente esperado, principalmente depois do Orçamento do governo para 2016 prevendo deficit fiscal, a perda do grau de investimento do Brasil não estava totalmente refletida nos preços dos ativos", disse Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Segundo Indech, o cenário ainda dá margem para expectativas de que o dólar chegue aos R$ 4 no curto prazo. Para a Bolsa, o analista também vê espaço para um pouco mais de queda, mas ressalva que "ela já está barata em dólar para os investidores estrangeiros, o que pode trazer um pouco de alívio nos próximos dias, com investidores aproveitando oportunidades".

O economista Alberto Ramos, do banco americano Goldman Sachs, enxerga um cenário ainda mais desafiador daqui para frente. "A S&P foi a primeira a rebaixar a nota soberana do Brasil para grau especulativo; outras agências de risco devem segui-la. (...) Agora que a batalha para preservar o grau de investimento foi perdida, há uma probabilidade de o governo ter ainda mais dificuldade no esforço de controlar contas e gastos."

O Banco Central deve redobrar a vigilância no mercado de câmbio, atuando pontualmente para conter a volatilidade da moeda, segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora. "A alta do dólar prejudica a inflação no país, que já está elevada. O governo, neste caso, só tem duas opções: ou eleva ainda mais os juros, que estão bastante altos, ou o BC reforça sua intervenção no câmbio", disse.

Por esse motivo as taxas de juros futuros têm acompanhado de perto o movimento do dólar nas últimas semanas. Às 12h30, o contrato de DI com vencimento em janeiro de 2016 tinha taxa de 14,520%, ante 14,380% na última sessão. O DI para janeiro de 2021 apontava 15,080%, ante 14,740% na quarta-feira (9).

PETROBRAS

As ações da Petrobras chegaram a cair mais de 5% logo após a abertura dos negócios nesta quinta-feira, mas reduziram a perda na esteira da melhora nos preços do petróleo no exterior. A perda do grau de investimento do Brasil eleva a dificuldade de grandes companhias, como a petroleira, tomarem novos financiamentos.

Às 12h30, as ações preferenciais da estatal, mais negociadas e sem direito a voto, registravam desvalorização de 3,81%, para R$ 8,07 cada uma. No mesmo horário, os papéis ordinários da empresa, com direito a voto, perdiam 2,16%, a R$ 9,47.

Em sentido oposto, papéis de exportadoras se beneficiavam do avanço do dólar e subiam. As ações preferenciais da Vale tinham ganho de 3,32%, a R$ 15,87 cada uma, enquanto as ordinárias mostravam valorização de 4,40%, a R$ 19,90.

No setor siderúrgico, os papéis preferenciais da Usiminas lideravam as altas, com avanço de 5,32%, para R$ 3,96. Também subiam Gerdau (3,85%) e a CSN (3,23%). 



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