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BC: Depreciação do real começa a influir no resultado do setor externo

Veículo: Valor

Seção: Economia

BRASÍLIA -­ A depreciação do real “começa a traduzir­se em melhores resultados para o setor externo”, avalia o Banco Central (BC) na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O comitê reiterou que a demanda agregada continuará a se apresentar moderada no horizonte relevante para a política monetária. De um lado, o consumo das famílias tende a ser influenciado por fatores como emprego, renda e crédito; de outro, o financiamento imobiliário, a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre o utros, tendem a favorecer os investimentos.

]Por sua vez, as exportações devem ser beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real, que começa a se traduzir em melhores resultados para o setor externo. “Para o comitê, os efeitos conjugados desses elementos, os desenvolvimentos no âmbito parafiscal e no mercado de ativos e, neste ano, a dinâmica de recomposição de preços administrados são fatores importantes do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% estabelecida pelo CMN, ao final de 2016”, repetiu o BC.

Sobre o cenário internacional, o comitê avalia que permanece complexo, com episódios de mais volatilidade afetando importantes economias emergentes. Até então, o BC apontava tais episódios de volatilidade como “possíveis”. O colegiado também diz que a tendência de atividade global “mostrou maior moderação” ao longo do horizonte relevante para a política monetária. Na ata a reunião de julho, o BC dizia que prevalecia a tendência de atividade global “mais intensa”. Para a autoridade monetária, importantes economias emergentes experimentam período de transição e, nesse contexto, de “maior moderação” no ritmo de atividade.

O Copom também destacou “novos” focos de volatilidade nos mercados de moedas e de renda fixa, bem como moderação na dinâmica dos preços de commodities. Especificamente sobre o petróleo, o Comitê manteve a avaliação de que, “independentemente do comportamento dos preços domésticos da gasolina, a evolução dos preços internacionais tende a se transmitir à economia doméstica tanto por meio de cadeias produtivas, como a petroquímica, quanto por intermédio das expectativas de inflação”. Orçamento 2016 O Copom afirmou na ata de sua última reunião que a proposta orçamentária de 2016 afetou as expectativas de forma significativa, mas ainda assim manteve seu cenário de deslocamento do balanço do setor público para a zona de neutralidade sem descartar a hipótese de um cenário de contenção, “mesmo que mais lentamente” e com menor intensidade.

O documento divulgado nesta manhã aponta que, “no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público tende a se deslocar para a zona de neutralidade e não descarta a hipótese de migração para a zona de contenção, mesmo que mais lentamente e com menor intensidade. O Copom apontou também que “a perspectiva de nova mudança de trajetória para as variáveis fiscais, implícita na proposta orçamentária para 2016, afetou as expectativas e, de forma significativa, os preços de ativos”.

O BC não menciona explicitamente, mas aponta indiretamente para a forte elevação na cotação do dólar e das taxas futuras de juros que aconteceu após o governo encaminhar uma proposta de Orçamento de 2016 prevendo déficit primário de R$ 30,5 bilhões. Nesse sentido, o BC deixou de falar que alterações significativas na trajetória de geração de superávits primários “podem contribuir” para criar uma percepção menos positiva sobre o ambiente macroeconômico no médio e no longo prazo. Agora, o comitê aponta que essas alterações “contribuem” para a piora nas perspectivas.



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