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Salário tem reajuste abaixo da inflação em 14,6% dos acordos no semestre

Veículo: Folha de S. Paulo

Seção: Mercado

Acompanhando o impacto da crise econômica, 14,6% das negociações salariais resultaram em ajustes abaixo da inflação no primeiro semestre de 2015. Ou seja, em 3 de cada 20 acordos os funcionários tiveram poder de compra reduzido.

No mesmo período de 2014, 2,6% dos acordos tinham ficado abaixo da inflação segundo pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que toma como base 302 negociações trabalhistas entre janeiro e junho de 2015.

O ajuste real (acima da inflação) médio, de 0,51%, também foi o menor da série.

Os resultados das negociações salariais foram especialmente ruins para os trabalhadores da indústria. A proporção de ajustes abaixo da inflação é a maior desde 2008.

Os levantamentos ocorrem desde antes daquele ano, mas, segundo a entidade, a comparação com períodos anteriores é imprecisa porque negociações diferentes eram levadas em conta. Se o período de comparação for ampliado, os resultados são os piores desde 2004.

No primeiro semestre também subiu o número de casos em que os funcionários saíram das negociações com ajuste igual à inflação: 16,9% do total, um outro recorde da série a partir de 2008. No primeiro semestre de 2014, apenas 4,6% dos casos tinham ajustes acompanhando o índice.

Com isso, a proporção de ajustes acima da inflação caiu de 92,7% do total no primeiro semestre de 2014 para 68,5% no mesmo período de 2015.

Para acompanhar a alta geral dos preços, os trabalhadores precisariam, em janeiro, de um aumento de no mínimo 6,2%, de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) relativo a um período de 12 meses, usado como base da pesquisa. Com a alta da inflação, no entanto, esse aumento teria que ser, em junho, de ao menos 8,8%.

Segundo o estudo, a disparada da inflação dificultou a negociação de reajustes com ganhos reais, o que pode ser constatado ao se comparar os resultados de janeiro (92% de aumentos acima da inflação) e maio (50%).

SETORES

Setor da economia que mais fechou vagas de janeiro a julho, a indústria também ofereceu os piores acordos de ajuste salarial no primeiro semestre.

Se no mesmo período de 2014 o desfecho de 90,6% das negociações era aumento acima da inflação, em 2015 essa proporção caiu para 60,9%.

Em nenhum ano da série a partir de 2008 esse resultado havia ficado abaixo de 80%. Dessa forma, 20,3% dos ajustes ficaram abaixo da inflação, e 18,8% acompanharam o índice. No mesmo período de 2014, a proporção em ambos os casos era de 4,7%.

Em 20,3% dos acordos, os trabalhadores saíram com perdas reais (ajustes abaixo da inflação), o pior resultado desde 2008 e uma forte alta quando se compara com as perdas ocorridas em 4,7% das negociações do primeiro semestre de 2014.

A queda do poder de compra não ocorreu, no entanto, de forma homogênea no setor. Apenas 47,1% dos acordos na área de vestuário ocorreram acima da inflação, enquanto os metalúrgicos tiveram aumento real em 83,3% dos casos.

O segundo pior desempenho foi do setor de serviços, que teve uma média de aumento real de 0,78%. Em 73,6% dos casos, os acordos ficaram acima do INPC, o menor resultado desde 2013 (76%). Em 2014, essa proporção era de 94,6%.

Assim, 11,6% dos ajustes ficaram abaixo do índice, ante apenas 0,8% em 2014. 14,7% dos acordos acompanharam a inflação ante 4,7% em 2014.

Com ajustes reais médios de 0,63%, o setor de comércio conseguiu garantir acordos acima da inflação em 75,6% dos casos. Trata-se de uma forte queda ante o índice de 93,3% observado no primeiro semestre de 2014.

Até 2013, o setor vinha obtendo aumentos em quase 100% dos casos. Em 2015, 6,7% dos acordos ficaram abaixo da inflação, e 17,8% se equipararam ao INPC. 



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