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Mídia internacional destaca caráter pacífico de manifestações no país
Veículo: Valor
Seção: Economia
SÃO PAULO - A imprensa internacional registrou os protestos realizados neste domingo nas ruas de todo o Brasil, embora com um destaque moderado. De forma geral, a visão dos jornais do exterior foi a de que manifestações pacíficas, lideradas pela classe média, expressaram o descontentamento com o governo, a recessão e a corrupção.
O britânico Financial Times mencionou que doisterços da população acredita que a presidente Dilma Rousseff deva sofrer um impeachment e que as manifestações de domingo expressam a raiva do brasileiro quanto à recessão e ao escândalo de corrupção na Petrobras. "Apesar de tudo, uma atmosfera pacífica de carnaval caracterizou a maioria das marchas, que foram largamente mobilizadas por meio de redes sociais, e muitos manifestantes caminhavam ao lado de seus filhos, como num programa de domingo. O The Wall Street Journal também destacou que os protestos foram pacíficos e citou que os gritos de "Fora Dilma" e "impeachment agora" se estenderam desde "Belém, na empobrecida região norte da Amazônia até a moderna praia de Copacabana e os enclaves de classe média nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo".
Em texto publicado em seu website, o jornal diz que muitos protestavam contra a corrupção e pediam o fim dos governos do PT. Descreveu os movimentos que organizaram os protestos, como o Vem Pra Rua, como de classe média, e resumiu a percepção de que "muitos dos milhares de brasileiros que participaram das manifestações pareciam ter pouco em comum, além do fato de querer ver Dilma Rousseff ser removida do cargo". O The New York Times lembrou que o apoio aos protestos se espalhou conforme o aumento do desemprego e a inflação crescente ameaçam colocar o país na pior recessão desde os anos 90. O jornal cita o depoimento de pessoas revoltadas com o aumento da conta de luz e com o risco de demissão.
Apesar de também citar o clima pacífico e a revolta do brasileiro contra a corrupção e a recessão, o britânico The Guardian focou seu texto no perfil dos manifestantes (brancos e de classe média em Copacabana) e destacou personagens que pediam a volta da ditadura militar ou o uso das Forças Armadas para livrar o país da corrupção. O francês Le Monde igualmente sublinhou o viés prómilitar de alguns manifestantes e o argentino La Nación informou que Dilma acompanhou de perto o desenrolar dos atos. O jornal do país vizinho foi um dos poucos a destacar uma suposta eleitora de Dilma, que se disse enganada porque "a inflação está altíssima e na família há cada vez mais desempregados".
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