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Banco Central sinaliza fim do ciclo de alta do juro, mas diz que se manterá 'vigilante'

Veículo: Estadão

Seção: E&N

BRASÍLIA - Apesar da alta dos juros, as projeções de inflação do Banco Central continuam em alta para 2015. O BC informou que sua projeção para a inflação de 2015 subiu  no cenário de referência e segue acima do centro da meta de 4,5%. No caso do cenário de mercado, a projeção da autoridade monetária para este ano aumentou e também segue acima do centro da meta. As informações foram divulgadas por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, que elevou a taxa básica de juros em meio ponto porcentual de 13,75% para 14,25% ao ano. 

O BC reafirmou que a convergência da inflação para 4,5% no final de 2016 tem se fortalecido. O BC acredita que a política monetária está na "direção correta". A instituição deixou de ver seus esforços como insuficientes para atingir os objetivos no controle da inflação. No trecho em que faz essa ponderação, o Banco Central excluiu a frase "ainda não se mostram suficientes" quando falou sobre os efeitos da política monetária. No lugar dessa avaliação, disse que a política monetária está na direção correta e acrescentou que os riscos remanescentes para que a inflação fique na meta em 2016 são condizentes com efeitos defasados e cumulativos da política monetária. 

O BC afirmou que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros por "período suficientemente prolongado" é necessário para a convergência da inflação para o centro da meta em 2016. Diante da ata, alguns especialistas entenderam que o ciclo de alta de juro chegou ao fim, mas que o BC deixou a porta aberta para elevar a Selic novamente, mais cedo ou mais tarde. 

O BC entende, no entanto, que apesar dessa visão de que o IPCA estará em 4,5% ao final de 2016, é preciso alguma dose de cautela e observou que é preciso permanecer vigilantes em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta. 

No Relatório Trimestral de Inflação de junho, o BC informou que sua previsão para o IPCA deste ano estava em 9% no cenário de referência e em 9,1% no de mercado. Nesse mesmo documento, a autoridade monetária admitiu que a chance de estouro da meta era de 99%. No último Relatório de Mercado Focus, a mediana das estimativas dos economistas do setor privado era de que a inflação oficial do País encerrasse este ano em 9,25% - foi a 16ª alta consecutiva das previsões. 

O relatório também projetou o IPCA de 2016 em 4,8% no cenário de referência e em 5,1% no de mercado, com chance de estouro da meta de 15%. A atualização do RTI será feita no mês que vem. Na próxima semana, o diretor de Política Econômica, Luiz Awazu Pereira da Silva, se encontrará com analistas do setor privado do Rio de Janeiro e de São Paulo para obter mais percepções para a confecção do documento.

Para este ano, a autoridade monetária promete apenas evitar a contaminação da atual alta dos preços para o restante da economia, contendo, assim, os efeitos secundários. Principalmente no início do ano, foi verificado um aumento dos preços administrados e atualmente há também uma elevação do dólar - a alta em 2015 já passa dos 30%.

Alta de preços
Veja abaixo as projeções para os preços administrados segundo a ata do Copom, divulgada pelo Banco Central nesta quinta-feira.

Energia mais cara O Banco Central revisou mais uma vez para cima sua projeção para os preços administrados de 2015. Para a autoridade monetária, esse conjunto de itens apresentará elevação de 14,8% este ano, e não mais de 12,7% como constava na edição anterior - no documento de abril, a previsão era de 11,8% e, no de março, de 10,7%. Para 2016, a diretoria prevê agora uma taxa de 5,7% ante 5,3% de abril e junho e de 5,2% de março. 

Apesar dos sucessivos aumentos, o parâmetro do BC ainda está em um patamar mais baixo do que a expectativa de analistas do mercado financeiro. No Relatório Focus, a mediana das projeções para os preços administrados estava em 15,12% para este ano e em 6% para o próximo.

A ata de hoje revela que, para estimar a elevação desses itens, o BC considerou uma alta de 50,9% da tarifa de energia elétrica este ano. Na edição de junho, a previsão era de 41%. No caso de telefonia fixa, a autoridade monetária prevê agora uma queda de 3,0% ante baixa de 4,4% da ata anterior. A diretoria também levou em conta a hipótese de elevação de 9,2% do preço da gasolina (antes estava em 9,1%) e de alta de 4,6% do preço do botijão de gás, substituindo a taxa de 3%. 

Dólar. O BC não ignorou a alta do dólar nas últimas semanas. A ata informa que o Copom mudou sua premissa para o câmbio de R$ 3,15 para R$ 3,25 pelo cenário de referência. Ainda assim, o valor considerado para o dólar está abaixo do valor negociado no dia em que o colegiado decidiu subir a Selic de 13,75% ao ano para 14,25%. Na quarta-feira passada, o dólar à vista fechou em R$ 3,330.

O valor de taxa de câmbio utilizado na ata é mais elevado do que a cotação de R$ 3,10 considerada no Relatório Trimestral de Inflação de junho. Apesar desse ajuste feito pelo BC, a premissa usada na data do Copom já está desatualizada, já que ontem, a moeda americana terminou o dia cotada a R$ 3,489. (Com Reuters)



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