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Dólar reage à mudança na meta fiscal e opera em forte alta

Veículo: Estadão

Seção: E&N

O dólar opera em forte alta nesta quinta-feira, na contramão ao comportamento da moeda ante o euro e algumas moedas de economias pautadas por commodities. Por aqui, os agentes digerem as novas ambições fiscais da equipe econômica. Aredução da meta de superávit primário para o mandato de Dilma Rousseff, com a possibilidade de o governo realizar um déficit, gera uma postura defensiva entre os agentes econômicos em meio ao cenário turvo que o Brasil vive.

Às 11h26, o dólar à vista estava em alta de 1,67%, cotado a R$ 3,2810. E o movimento ocorre após uma forte alta na véspera, quando a moeda teve valorização de 1,86%.   

Os analistas e investidores também imprimem uma alta nas taxas de juros no mercado futuro, sugerindo que o trabalho que não vai ser feito pela política fiscal terá de ser realizado pela política monetária - como foi observado, por outros motivos, no mandato presidencial anterior. 

Muitos economistas ouvidos pelo Broadcast entre ontem e hoje elogiaram a mudança na meta de superávit primário. Hoje, em boletim a clientes, a equipe do banco Bradesco, dirigida por Octavio de Barros, enalteceu a mudança em razão de seu "realismo e transparência".

Outros, no entanto, foram bastante críticos. Para o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, a previsão do governo de estabilizar a dívida bruta em 66% do PIB a partir de 2016 é "uma piada de mau gosto". 

"Nós já estávamos céticos de que as antigas metas entregariam uma relação dívida bruta/PIB estável (estimamos que para isso seria preciso um superávit de mais de 3,5% do PIB em 2016). A menos que as taxas de juros sejam cortadas severamente, não há simplesmente jeito nenhum de entregar esse resultado", escreve ele em relatório enviado a clientes na noite de quarta-feira.

Segundo Schwartsman, se o Banco Central de fato estava usando as antigas metas de superávit nas suas estimativas de inflação, será preciso atualizar os modelos usados. Para ele, se o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir reduzir o ritmo de aperto na reunião da próxima semana para alta de 0,25 ponto porcentual, "o que existe de credibilidade" será "corroído rapidamente". 

"Em resumo, embora o anúncio de novas metas fosse largamente esperado, minha visão é que isso será um alerta sobre as graves dificuldades no âmbito fiscal. Nada bom pode sair disso", escreve Schwartsman.

Assim como a questão fiscal, houve a confirmação do aumento do desemprego, mas com aumento do rendimento médio real dos trabalhadores. O IBGE divulgou que a taxa em junho ficou em 6,9% (exatamente a mediana calculada pelo AE Projeções), sendo que o rendimento médio real dos trabalhadores registrou alta de 0,8% em junho ante maio. É interessante observar que, na comparação com junho de 2014, houve recuo de 2,9%.

Bovespa. No mercado de ações, a Bovespa opera em queda, também reagindo à redução no ímpeto do governo em estabilizar a relação entre dívida bruta e PIB e à revisão para baixo do crescimento econômico em 2015. 

Às 11h22, o Ibovespa tinha leve queda de 0,09%, aos 50.868 pontos. As ações da Klabin e da Fibria estavam entre as altas que inibiam uma queda ainda maior. Esses papeis sobem nesta quinta-feira, após a divulgação dos balanços das empresas. Com exceção da Vale, que sobe depois da divulgação de relatório operacional, as principais blue chips estão em queda.

(Com informações de Álvaro Campos, da Agência Estado) 



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