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Na Venezuela, dólar paralelo já é vezes cem
Veículo: Valor
Seção: Economia
A escassez de dólares por conta da queda do petróleo, o confuso sistema cambial e a falta de dados econômicos oficiais levaram à ocorrência de um estranho fenômeno na Venezuela nesta semana: o dólar paralelo, ilegal o país, bateu cem vezes o valor do oficial. Na terçafeira, 14, a moeda americana bateu os 630 bolívares no mercado negro, enquanto o dólar usado pelo governo para importações essenciais, como medicamentos e alimentos, seguia fixo em 6,30 bolívares.
Ontem, após dois ligeiros recuos, a divisa estava cotada da 621,67, segundo o site DolarToday.com também clandestino, mas uma referência no país. De qualquer forma, a distância entre um e outro dólar é sintomática das distorções econômicas venezuelanas. Levandose em conta a cotação oficial, o salário mínimo, de 7.421,70, equivale a US$ 1.178,04 o que faria dele o maior da América Latina.
Mas, considerandose o paralelo de ontem, o mínimo venezuelano cai a míseros US$ 11,93. Para analistas, no entanto, nenhuma das duas cotações condiz com a realidade. O país, que tem outras duas taxas de câmbio oficiais, está absolutamente sem dados oficiais para referenciar a cotação da moeda americana. Desde dezembro, por exemplo, o Banco Central não divulga dados de inflação.
A publicação oficial mais recente sobre a balança comercial, por sua vez, é do terceiro trimestre de 2014. Segundo o economista Jesús Casique, a maior disparada do dólar paralelo se deu desde a segunda quinzena de junho quando o governo, sem dinheiro, passou a imprimir bolívares para honrar seus compromissos internos. A liquidez no país, segundo ele, aumentou 80% no último mês. Com isso, a inflação, que já é a maior do mundo, disparou. Segundo o Bank of America, ela acumula 113,2% anuais em junho e deve fechar o ano em 202,5%.
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