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Medo do desemprego reduz intenção de consumo

Veículo: Estadão

Seção: Blogs-Márcia De Chiara

Os indicadores ruins do consumo não param de crescer, sinal de que a queda de vendas no comércio varejista registrada nos últimos meses deve continuar se aprofundando neste semestre. A intenção de compras de bens duráveis, como geladeiras, eletrônicos e carros, para o terceiro trimestre deste ano recuou para o menor nível desde de o mesmo período de 2002, quando a economia sofria o estresse causado pela a provável vitória do então candidato Luís Inácio Lula da Silva à presidência da República.

Até setembro, 44,4% dos paulistanos pretendem levar para casa um bem durável, aponta a pesquisa de Intenção de Compra do Programa de Administração do Varejo (Provar) em parceria com o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar).

Para o presidente do Ibevar e responsável pela pesquisa, Claudio Felisoni de Angelo, o fator que fez com que as intenções de compras piorassem ainda mais em relação ao cenário dos últimos meses, já marcado pela inflação e juros  em alta e a confiança em baixa, foi a deterioração dos indicadores de emprego. “O medo do desemprego cresceu muito e esse foi o grande diferencial”, ressalta o economista.

Ele explica que a piora da expectativa de desemprego está se tornando real, com a sequência de notícias de férias coletiva e lay-off na indústria, em especial na automobilística.

Um indicador de expectativa de desemprego calculado pelo Provar, que leva em conta o risco de perder o emprego para quem está trabalhando e a dificuldade de se recolocar no mercado para quem está desempregado, atingiu neste mês 48,9%. “É uma alta muito significativa”, diz Felisoni.

Esse resultado, combinado com o bolso do brasileiro que está apertado por causa da inflação beirando dois dígitos em 12 meses, reforça o quadro negativo para o consumo neste trimestre. Depois de pagar as despesas básicas com alimentação, moradia e transporte, está sobrando muito pouco para o cidadão comum gastar. Neste ano, essa folga corresponde a 6% do orçamento familiar. No terceiro trimestre do ano passado era quase o dobro (11%), aponta pesquisa do Provar. Isso sem contar que a inflação comeu boa parte da renda nesse período.

Para fechar a conta do mês, muitos estão recorrendo aos recursos da caderneta de poupança, que teve saque recorde.  E diante de tanto aperto, uma pequena parcela de brasileiros está conseguindo guardar algum dinheirinho. No segundo trimestre apenas 16,6% dos entrevistados fizeram alguma poupança, ante 24,2% no mesmo período de 2014. Em valores médios e já descontada a inflação, as cifras poupadas no trimestre também encolheram: eram R$ 1.306,81 no segundo trimestre de 2014 e recuaram para R$ 1.195,63 no segundo trimestre deste ano.

Quem não consegue fechar a conta do mês porque não tem reservas na poupança ou ficou desempregado está deixando de pagar as dívidas. A fatia de inadimplente reincidente, isto é, que deixou de pagar as dívidas em dia, renegociou as pendências e voltou a ficar inadimplente no período de 12 meses, atingiu 62,7% em maio. É o maior nível desde o início da série em junho de 2013, segundo a Boa Vista SCPC, empresa especializada em informações financeiras. O levantamento acompanha os inadimplentes pelo CPF (Cadastro de Pessoa Física).



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